
Uma das coisas mais bonitas e nostálgicas que fazem parte da vida das pessoas são as memórias, sejam elas boas ou ruins.
E esse recurso valioso do nosso cérebro também funciona a curto prazo para nos auxiliar em pequenas coisas cotidianas, como lembrar da panela no fogão ou onde guardamos as chaves de casa.
Esquecer de alguns fatos ao longo da vida é extremamente comum a todos os seres humanos, já que armazenamos muitas informações pertinentes em nosso cérebro. Porém, para algumas pessoas, isso pode se tornar uma condição preocupante.
Independentemente se o quadro vier acompanhado de um diagnóstico médico ou do envelhecimento natural, existem algumas medidas que podem ser usadas ao longo da vida para ajudar a melhorar a memória e preservar a saúde cerebral. Entre elas, os estímulos cognitivos ganham destaque!
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Principais causas da perda de memória
De acordo com o Mayo Clinic, maior centro de medicina integrada do mundo, existem alguns fatores que podem interferir na atividade cognitiva e afetar a memória, tanto a de curto quanto a de longo prazo.
O mais comum, a qual todos nós estamos suscetíveis, é o envelhecimento, que traz consigo diversas alterações no organismo. Assim, é comum esquecer-se de nomes, de lugares e de histórias, em uma proporção administrável, que não compromete significativamente a vida pessoal, social e/ou profissional.
Por outro lado, mais um motivo frequente da perda de memória são as doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e a Demência Vascular, entre outras. Segundo a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, cerca de 2 milhões de brasileiros convivem com algum tipo de demência.
Também existem algumas situações e quadros de saúde que podem prejudicar a nossa capacidade de lembrar das coisas, mas que são reversíveis, como:
- uso de alguns medicamentos, sozinhos ou combinados, que podem gerar esquecimento e confusão mental;
- lesões na cabeça por quedas ou acidentes;
- condições emocionais, como a ansiedade, o estresse ou a depressão, que também podem afetar a memória e a concentração;
- transtorno por uso de álcool, que muitas vezes prejudica seriamente a capacidade mental;
- deficiência de vitamina B-12, responsável por auxiliar na saúde das células nervosas e dos glóbulos vermelhos;
- hipotireoidismo, que tem entre os seus sintomas dificuldades relacionadas ao pensamento;
- doenças cerebrais, como tumores ou infecções no cérebro, que apresentam sintomas semelhantes às demências;
- apneia do sono, já que, quando não tratada, afeta significativamente a qualidade do sono e, consequentemente, as capacidades mentais.
Além disso, especialistas da Academia Brasileira de Neurologia afirmam que, atualmente, o excesso de estímulos provocados pelo mundo digital vem aumentando as queixas de esquecimento entre as pessoas mais jovens.
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O que são os estímulos cognitivos e por que são importantes?
Os estímulos cognitivos nada mais são do que atividades totalmente corriqueiras e prazerosas que ajudam o cérebro a se manter ativo e saudável por trazerem um tipo de desafio e incentivo para a função cerebral e as conexões neurais.
Por meio de práticas que exigem o uso de habilidades como atenção, raciocínio, linguagem e percepção (e até mesmo a própria capacidade de lembrar) é possível melhorar a memória, bem como preservá-la, e ainda prevenir a redução de outras funções cognitivas comuns durante o envelhecimento.
Estudos também comprovam que a estimulação cognitiva é uma intervenção efetiva e deve fazer parte do tratamento para melhorar a qualidade de vida e controlar a progressão dos sintomas em pessoas com alguma doença neurodegenerativa.
Além disso, essas atividades são aliadas da saúde mental, pois auxiliam na melhora do humor e contribuem com a diminuição da ansiedade e dos quadros de depressão.
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6 dicas de atividades cognitivas para melhorar a memória
Com base nas orientações da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e do Instituto Brasileiro de Educação em Direitos e Fraternidade, confira as principais atividades que você pode priorizar na sua rotina para garantir estímulos cognitivos que ajudam a melhorar a memória.
1. Música e dança
Estar em contato com música, principalmente as que você mais gosta e trazem memórias afetivas, é uma ótima maneira de estimular o cérebro.
Segundo um artigo do periódico Medical News Today, pesquisas da área neurológica apontam que ouvir música envolve e conecta diferentes partes do cérebro, contribuindo com melhorias na função cognitiva e no bem-estar geral.
Por isso, cante, dance, memorize letras, assista a shows, concertos ou programas musicais não só pela diversão, mas também sabendo que a sua memória agradece!
2. Novos aprendizados
Continuar aprendendo novas habilidades por toda a vida exige diferentes estímulos cerebrais, o que ajuda a preservar todas as suas funções.
Isso inclui idiomas, instrumentos musicais, atividades manuais (como jardinagem, pintura, entre outras), fotografia e qualquer outro conhecimento do tipo que você tenha curiosidade e vontade de explorar.
3. Leitura
Ler livros, artigos e demais conteúdos, principalmente em voz alta, é uma ótima maneira de exercitar a memória e ainda trabalhar o raciocínio lógico.
De acordo com um artigo publicado no portal da PUC do Rio Grande do Sul, a leitura envolve imaginação, mentalização, antecipação e aprendizagem, estimulando o cérebro e contribuindo também com o combate ao estresse e a preservação da saúde mental.
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4. Jogos
Todos os tipos de jogos, sejam eles de cartas, tabuleiros, quebra-cabeças e até videogames, são criados a partir de regras e desafios que exigem habilidades como raciocínio e concentração, por isso, exercitam o cérebro em todas as suas funções.
Para melhorar a memória de uma forma mais específica, você pode optar pelos jogos de treinamento cerebral, que estimulam a capacidade de lembrar padrões, e, claro, os jogos de memória.
5. Hobbies e tarefas cotidianas
Por incrível que pareça, se engajar nas tarefas domésticas e tirar um tempo para os seus hobbies pessoais são maneiras eficazes e, muitas vezes, divertidas de manter o cérebro ativo e estimular a memória.
Você pode incluir alguns “desafios” pessoais no cotidiano para exercitar as capacidades cognitivas, como memorizar a lista de compras ou tarefas, mudar um pouco o percurso que faz normalmente ao andar pelo bairro ou para o trabalho e até se propor a contar para alguém detalhes do filme a que assistiu. Inclusive, a própria socialização é um fator positivo para a memória!
6. Meditação
Práticas de meditação e mindfulness envolvem focar a atenção de forma relaxada e controlada na respiração e no momento presente, acalmando a ansiedade, o estresse e o excesso de estímulos no cérebro, o que pode gerar vários benefícios para o corpo e para a mente.
De acordo com o Centro Nacional de Medicina Complementar e Integrativa dos Estados Unidos, diversos estudos já sugerem que essas atividades podem estimular áreas ligadas à memória, foco e concentração, bem como ajudar a combater a degeneração cognitiva.
Antes de ir, aproveite e conheça melhor os benefícios da meditação.
Investindo em um pouco de cada uma dessas práticas como parte do seu dia a dia, você estará contribuindo para um cérebro saudável a longo prazo e ajudando a melhorar a sua memória.
Mas, vale lembrar que, ao perceber uma perda de memória significativa, é importante procurar auxílio profissional para entender as possíveis causas.