Síndrome do intestino irritável: problemas de saúde mental como ansiedade e depressão estão associados a essa condição, que é bastante comum.
A síndrome do intestino irritável (ou apenas SII) é um problema de saúde caracterizado, sobretudo, por uma série de sintomas gastrointestinais que podem impactar significativamente a qualidade de vida do paciente. Ainda assim, nem sempre o diagnóstico dessa condição é fácil. Ela não causa alterações visíveis em exames e é preciso descartar outras explicações para o quadro relatado.
Além disso, não se sabe exatamente o que provoca a síndrome do intestino irritável. Apesar disso, desconfia-se que há uma relação importante de problemas de ordem psicológica com os sintomas apresentados. Por isso, vale saber mais sobre as características desse problema para, inclusive, entender quando é a hora de procurar ajuda.
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Quais as principais características da síndrome do intestino irritável?
Em linhas gerais, a síndrome do intestino irritável engloba um conjunto de sintomas, em sua maioria associados a alterações no trânsito e na atividade gastrointestinal. Desse modo, o paciente com esse problema de saúde costuma relatar:
- Dores abdominais, que podem melhorar depois da evacuação;
- Alteração na função intestinal (provocando diarreias ou quadros de prisão de ventre);
- Presença de gases e sensação de inchaço na barriga.
Além disso, uma pessoa com a SII pode sofrer ainda com manifestações diversas, que vão além daquelas que atingem o aparelho gastrointestinal. Assim, é possível observar um aumento na incidência de quadros de cólica intestinal, infecção urinária, dores durante o ato sexual ou mesmo um conjunto de desconfortos que lembram casos de fibromialgia.
Embora raras, complicações podem acontecer. Por isso, os pacientes devem estar atentos a sinais como sangramento nas fezes, perda de peso e desnutrição. Ao mesmo tempo, não há evidências que indiquem que portadores da SII tenham maior risco de desenvolver outras doenças gastrointestinais, como um câncer colorretal.
No mais, não é raro que o paciente note que a manifestação dos sintomas esteja associada a um tipo de alimento (como aqueles que contenham glúten, por exemplo) ou seja resultado de alterações psicossomáticas. Elas podem ser desencadeadas pelo impacto de situações constantes de estresse e ansiedade, por exemplo. E isso nos leva justamente ao próximo tópico: problemas de saúde mental são a causa da SII?
Como problemas de saúde mental parecem influenciar nessa condição?
Não se sabe ao certo o que causa a síndrome do intestino irritável. No entanto, existem várias hipóteses que podem explicar as alterações na atividade gastrointestinal.
Há quem sustente, por exemplo, que a SII seria consequência justamente de desequilíbrios na forma como o cérebro e o intestino interagem. Vale sempre reforçar que o intestino conta com uma rede de células nervosas próprias, responsável pelos movimentos involuntários do órgão, garantindo todo o trânsito intestinal ao longo do processo de digestão.
Tal conexão ganha ainda mais relevância quando se considera que é comum que pessoas com SII tenham passado por eventos estressores ou sofram com transtornos mentais, como ansiedade e depressão.
Outras possíveis explicações por trás da SII estão nos prejuízos decorrentes de alterações na microbiota intestinal (ou seja, nos microrganismos que vivem nessa parte do corpo) ou ainda por conta da hipersensibilidade aos componentes de determinados alimentos. O histórico familiar (ter parentes que já tenham manifestado tal quadro) também parece compor a lista de fatores que podem elevar a predisposição de alguém sofrer com o problema.
Nesse contexto, diante das evidências disponíveis, os médicos costumam apontar a SII como um problema multifatorial, onde diversos fatores interagem entre si e, no fim, desencadeiam os sintomas relatados.
Como é feito o diagnóstico e quais as opções de tratamento para a síndrome do intestino irritável?
Como já mencionado, uma característica relevante da SII é de que os sintomas relatados não estão acompanhados de alterações orgânicas visíveis em exames. Com tudo isso, o diagnóstico da SII depende de uma avaliação clínica cuidadosa (que considere todo o histórico do paciente) e da exclusão de outras doenças que possam explicar os sintomas.
O quadro de SII precisa ainda se enquadrar em alguns critérios. O principal deles é que a dor deve ser recorrente, aparecendo pelo menos uma vez por semana nos últimos três meses. O paciente deve também apresentar dor associada a evacuação das fezes, mudanças em relação ao formato delas e/ou na frequência de idas ao banheiro.
A partir de tudo isso, o médico pode fornecer orientações sobre as melhores medidas para lidar com a SII. Não há uma solução definitiva para ela, mas com alguns cuidados, o paciente pode manter um bom controle sobre os sintomas. Entre os aspectos essenciais para isso estão:
- Reconsiderar alguns pontos da dieta, sobretudo com a exclusão dos alimentos que pioram os desconfortos (suspeita-se que alguns tipos de carboidratos possam piorar a condição, por exemplo);
- Prática regular de exercícios físicos;
- Uso de determinados medicamentos, inclusive para lidar com as dores, com a constipação ou com a diarreia;
- Consumo de certos probióticos para equilibrar a microbiota intestinal;
- Redução da exposição a situações estressantes;
- Adoção de técnicas de relaxamento e acompanhamento psicoterápico.
Em suma, é preciso sempre considerar que as manifestações da síndrome do intestino irritável são amplas. Assim, o que funciona para o paciente pode não oferecer resultado igual para outro. Tal circunstância reforça a necessidade de um acompanhamento próximo e de abordagens individualizadas em busca do controle dos sintomas.
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