A labirintite é provocada pela inflamação de estruturas do ouvido interno e pode gerar sintomas que vão além da vertigem
Nem sempre a vertigem pode ser explicada pela labirintite, embora a sensação de que o ambiente ao redor esteja girando seja o desconforto mais comum relatado por quem sofre com o problema. Portanto, episódios de labirintite podem ter sintomas adicionais e têm causas específicas.
A labirintite é o quadro caracterizado pela inflamação do labirinto, uma estrutura interna do ouvido muito delicada. Mas como uma alteração no ouvido pode causar a sensação de que o tudo ao redor está girando?
Afinal, o que é a labirintite?
O corpo humano conta com diversas estruturas no ouvido interno. Uma delas é o já citado labirinto. Além disso, outro componente importante dessa região do organismo é a cóclea. A questão é que, embora estejam dentro do ouvido, nem todas essas formações são dedicadas à audição.
E esse é justamente o caso do labirinto. Enquanto a cóclea é estimulada por vibrações que são convertidas em impulsos elétricos que vão ser interpretados pelo cérebro como sons, o labirinto está envolvido na manutenção do equilíbrio e da orientação espacial do corpo.
Para isso, o labirinto é formado por pequenos túneis preenchidos por um líquido. Assim que nos movimentamos, esse líquido oscila e fornece ao cérebro informações para que ele possa interpretar os deslocamentos do corpo garantindo o equilíbrio. Esses estímulos são transmitidos pelo chamado nervo vestibulococlear, localizado também dentro do ouvido.
Ou seja, de forma resumida, isso é o que explica a sensação de tontura quando giramos em torno de nós mesmos: mesmo depois de parar, o líquido dentro do labirinto continua a girar, indicando ao cérebro a percepção de movimento.
Logo, alterações no labirinto e no ouvido interno podem bagunçar esse mecanismo e provocar a já citada sensação de vertigem, entre outros sintomas. A labirintite costuma ser o problema mais comum a atingir essa região, embora nem todo problema no labirinto seja causado por ela. Geralmente o termo é usado de forma ampla, independente do que está causando a condição.
Quais as causas da labirintite?
Como indica a terminologia “ite” (doença de natureza inflamatória, na linguagem médica), a labirintite é resultado da inflamação do labirinto, em geral devido à infecção por um vírus ou bactéria. Além disso, o nervo que transmite as informações ao cérebro também pode ser atingido.
Não é raro que a labirintite comece logo após um quadro de infecção viral (como uma gripe ou resfriado), embora nem sempre seja fácil identificar essa relação. As labirintites virais tendem a ser mais comuns, mas aquelas provocadas por ação bacteriana podem ser mais graves. Elas podem se disseminar pelo organismo com mais facilidade ou ser parte de um quadro mais sério (como uma meningite bacteriana, por exemplo).
No mais, alguns hábitos e fatores podem influenciar na chance de alguém desenvolver um quadro de labirintite. Entre alguns deles estão o consumo exagerado e frequente de álcool ou cafeína, tabagismo, hipoglicemia, diabetes, hipertensão arterial, uso de determinados medicamentos ou estresse.
Quais os sintomas mais comuns?
A vertigem, geralmente de início súbito, é o sintoma mais característico da labirintite. Em muitos casos o desconforto é tão grande que o paciente precisa procurar um lugar para deitar-se e evitar uma queda. O paciente com labirintite também pode experimentar:
- Náuseas e vômitos;
- Dificuldade de manter o equilíbrio;
- Comprometimento na audição (que em casos raros, pode ser permanente);
- Zumbido nos ouvidos (que recebe o nome de tinnitus);
- Movimento involuntário dos olhos (chamado de nistagmo).
Desorientação, perda da capacidade de fala ou dificuldade para se movimentar não são sintomas comuns da labirintite. Nesses casos, é preciso considerar a possibilidade de que o quadro seja provocado por um problema neurológico (como um acidente vascular cerebral, por exemplo).
Por fim, os sintomas da labirintite costumam desaparecer com o tempo, ainda que a doença possa persistir por semanas e alguns pacientes convivam com manifestações residuais de vertigem. Isso, claro, não significa que seja possível dispensar ajuda especializada.
Como esse problema é diagnosticado?
O diagnóstico da labirintite é feito pelo médico com base na avaliação do paciente e dos sintomas relatados. Não existe exame específico para confirmar ou descartar a inflamação no labirinto. De qualquer forma, o profissional pode submeter o paciente a alguns testes que ajudam a determinar o diagnóstico.
Nos casos em que há suspeita de que a vertigem e os demais sintomas não sejam provocados por um problema no ouvido interno, alguns exames de imagem podem ser úteis para avaliar alterações neurológicas. Entre eles estão ressonâncias magnéticas e tomografias computadorizadas.
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Quais as opções de tratamento disponíveis?
Uma vez que é provocada por uma infecção bacteriana ou viral, é provável que o próprio organismo dê conta de eliminar aquilo que está causando a labirintite. Ou seja, embora desagradável, o problema tende a melhorar com o tempo. Entretanto, o médico pode prescrever determinados medicamentos para aliviar os sintomas ou ainda para controlar o quadro inflamatório e a causa da infecção.
O paciente também pode ser orientado a manter repouso em um lugar calmo e silencioso e fortalecer a hidratação durante a recuperação. Cuidar da dieta (deixando de lado café e álcool, por exemplo), evitar exposição direta à luminosidade e parar de fumar também podem contribuir para reduzir os desconfortos.
Seja como for, nos casos em que a labirintite não explicar o quadro, o médico também pode investigar outras condições que causam alteração no labirinto. Entre algumas hipóteses que explicam episódios de tontura estão a vertigem posicional paroxística benigna e a neurite vestibular.
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