
A Doença de Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente aquelas com mais de 60 anos.
De acordo com o Relatório Nacional sobre a Demência (2024), do Ministério da Saúde, cerca de 8,5% da população brasileira nessa faixa etária convive com a condição, que se caracteriza pela perda progressiva de funções cognitivas, principalmente a memória e o raciocínio.
Mas, afinal, como começa o Alzheimer? Todo problema relacionado à memória é um indício preocupante? A seguir, entenda como reconhecer os sinais e quando o auxílio médico se torna essencial.
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Primeiros sinais do Alzheimer
Segundo a Alzheimer’s Association, organização líder mundial dedicada aos estudos e cuidados com a doença, o quadro é conhecido por comprometer os seguintes âmbitos: memória, raciocínio, linguagem, compreensão espacial, comportamento e personalidade.
Assim, cada pessoa pode manifestar os sintomas de formas e intensidades diferentes. No entanto, existem alguns sinais comuns que costumam funcionar como alertas para a identificação do Alzheimer. São eles:
- perda de memória que interfere na vida cotidiana: esquecer nomes e compromissos é algo natural do envelhecimento. Mas é importante se atentar se os esquecimentos são frequentes, sobretudo de informações novas, e se há uma necessidade crescente de anotações e lembretes para tarefas simples;
- dificuldade para planejar ou resolver problemas: alterações significativas na capacidade de seguir etapas, como preparar receitas ou controlar finanças, que estão além de erros ocasionais;
- tarefas familiares se tornando desafiadoras: dirigir a locais conhecidos ou mesmo terminar de escrever uma lista de compras começa a virar um problema;
- confusão com tempo ou lugar: perda da noção de datas, estações e onde a pessoa está naquele momento;
- alterações visuais e espaciais: dificuldade de leitura, de perceber distâncias e até de se equilibrar (sem outras causas aparentes);
- problemas com a linguagem: acompanhar conversas também se torna desafiador. A pessoa pode repetir informações, não conseguir finalizar o raciocínio ou nomear indivíduos e objetos;
- perda de objetos: frequentemente colocá-los em locais incomuns e não conseguir refazer os passos para encontrá-los;
- julgamento prejudicado: tomada de decisões inadequadas, como lidar mal com dinheiro ou com a higiene pessoal;
- isolamento social: afastamento de atividades, conversas e interações que antes faziam parte da rotina;
- mudanças de humor e personalidade: surgimento repentino de confusão, desconfiança, ansiedade e irritabilidade.
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Por que o Alzheimer acontece?
Considerado a forma mais comum de demência, o Alzheimer se instala quando proteínas do sistema nervoso central passam a funcionar de forma anormal, conforme explica artigo da Mayo Clinic.
Isso significa que alguns de seus fragmentos acumulam-se no cérebro e formam “barreiras” que afetam a comunicação entre os neurônios, provocando a sua morte. Com o tempo, ocorre o encolhimento do órgão e a progressiva perda de capacidades mentais.
As causas exatas ainda não são totalmente compreendidas. Mas, em geral, acredita-se que a doença é resultado de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida, acumulados ao longo dos anos. Vale destacar que o processo pode começar muito tempo antes dos sintomas se tornarem visíveis.
O Ministério da Saúde explica que a progressão do Alzheimer tende a ser gradual e o quadro clínico costuma ser classificado em quatro estágios:
- estágio 1 (inicial): dificuldades de memória, alterações na personalidade, problemas visuais e espaciais;
- estágio 2 (moderado): dificuldades com linguagem, tarefas simples e coordenação. Agitação e insônia podem estar presentes;
- estágio 3 (grave): perda de autonomia, incontinência urinária, dificuldades para comer e deficiência motora;
- estágio 4 (terminal): restrição ao leito, perda da fala, dor ao engolir e infecções recorrentes.
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Quando procurar ajuda médica?
Diferentes condições de saúde podem causar alterações de memória e raciocínio, que se assemelham aos estágios iniciais do Alzheimer. Muitas delas são tratáveis e reversíveis.
Por isso, é importante buscar avaliação médica imediata ao notar qualquer um dos sinais de alertas, sobretudo a perda de memória recente (o mais característico), para garantir um diagnóstico precoce.
Segundo o Ministério da Saúde, ele é feito por exclusão, ou seja, eliminando as demais possibilidades. Pode incluir exames clínicos, neurológicos, avaliação do estado mental, função da tireoide e vitamina B12.
Embora o Alzheimer não tenha cura, o tratamento adequado com acompanhamento contínuo pode retardar a progressão da doença e preservar as funções mentais, favorecendo a autonomia e o bem-estar.
É possível se prevenir?
Ainda não existe medidas de prevenção específicas, mas todos os órgãos oficiais recomendam a adoção de hábitos saudáveis e estímulos cognitivos para reduzir os riscos de desenvolvimento, bem como retardar os sintomas. Entre eles:
- estimular o cérebro com leitura, habilidades manuais, novos aprendizados e jogos inteligentes (a exemplo de palavras-cruzadas e sudoku);
- realizar atividades em grupo e manter a vida social ativa;
- praticar exercícios físicos regularmente;
- manter uma alimentação equilibrada;
- evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool.
A saúde do cérebro está profundamente conectada à saúde do corpo como um todo. Assim, quanto mais ativa e saudável for a rotina, maiores são as chances de proteger a mente ao longo da vida.
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