
Diante de todos os avanços tecnológicos atuais e a possibilidade de resolver qualquer coisa no ambiente digital (ou até mesmo ter algumas horas de entretenimento), pessoas de todas as idades passam grande parte do dia em frente ao celular, ao computador ou à televisão.
No entanto, órgãos de saúde e diversos estudos ao redor do mundo vêm apontando que o uso excessivo de telas pode ser extremamente prejudicial para diferentes âmbitos da saúde, incluindo a própria visão.
Saiba mais: O que caracteriza a dependência virtual e quais os impactos desse problema?
O que acontece com os olhos diante do uso excessivo de telas?
De acordo com a Academia Americana de Oftalmologia, o fato que mais levanta debates em relação a esse tema é a emissão de luz artificial (a tal luz azul) contínua nos olhos que, a longo prazo, poderia acarretar prejuízos permanentes à visão.
A entidade explica que nenhum estudo comprovou ainda essa relação direta em seres humanos, principalmente adultos. Porém, isso não significa que o cansaço visual pelo uso excessivo de telas não seja uma realidade.
Grande parte dos usuários passa muito tempo concentrado em frente ao computador, tablet ou celular, fixando os olhos nos dispositivos e deixando de piscar naturalmente – movimento que auxilia na lubrificação. Dessa forma, as principais manifestações são:
- olhos secos e/ou lacrimejando;
- visão embaçada;
- fadiga visual;
- dores de cabeça.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal também aponta que, atualmente, 60% dos casos de distúrbios oculares no Brasil estão relacionados à síndrome da visão, provocada por esse uso prolongado das tecnologias.
Além dos sintomas já citados, outros desconfortos identificados são irritação e vermelhidão ocular, queimação nos olhos e sensibilidade à luz.
Leia também: Como a dependência virtual pode estar afetando sua produtividade no trabalho?
Saúde ocular infantil
Para as crianças, o cenário é um pouco mais preocupante. Ambos os órgãos ressaltam que há um aumento na incidência de miopia ainda na infância – condição caracterizada por um erro de refração que dificulta a visão à distância – e que muitas pesquisas sugerem que isso se deve ao uso desses dispositivos.
Segundo um artigo do Jornal da USP, os primeiros cinco anos de vida são determinantes na formação ocular e tanto a córnea quanto o cristalino ainda são mais curvos e precisam aplanar. Assim, a refração se modifica bastante nesse período.
Com o avanço das tecnologias, os hábitos mudaram muito e os pequenos não são mais incentivados a fazerem atividades externas que ajudam a exercitar a visão para longe. Ou seja, eles ficam focados nas telas com os objetos sempre próximos, o que facilita um esforço acomodativo e o desenvolvimento da miopia.
Um artigo publicado na Revista Brasileira de Oftalmologia comparou diversas metanálises sobre essa associação e concluiu que, apesar de as evidências ainda não serem suficientes para uma conclusão definitiva, elas podem ser consideradas e merecem novos estudos.
Em 2019, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos divulgou uma cartilha oficial, denominada O uso inteligente da tecnologia, visando a saúde geral das crianças e adolescentes, com as seguintes recomendações:
- até 2 anos de idade: evitar a exposição a telas;
- entre 2 e 5 anos: limitar o tempo para uma hora por dia;
- entre 6 e 12 anos de idade: no máximo, duas horas diárias;
- a partir dos 13 anos: pais e responsáveis devem manter um diálogo aberto para uma vida digital saudável.
Confira ainda: Entenda por que é importante o acompanhamento com o pediatra
Cuidados para garantir a saúde ocular
De forma geral, tanto para as crianças quanto para os adultos, a recomendação é evitar o uso excessivo de telas sempre que possível.
Porém, como as tarefas profissionais, educacionais e até mesmo pessoais podem exigir o contato constante com esses dispositivos, a Academia Americana de Oftalmologia indica algumas medidas para uma boa saúde ocular:
- faça pausas de 1 minuto a cada 20 minutos;
- crie o hábito de olhar para longe da tela ocasionalmente, focando em algum objeto à distância por um tempo;
- use colírios para lubrificar os olhos se sentir que eles estão secos (mas procure a orientação de um profissional sobre os produtos adequados antes de usá-los);
- mantenha uma distância de cerca de 60 centímetros da tela;
- reduza o brilho e o contraste para diminuir o cansaço visual. Inclusive, existem filtros que deixam a tela fosca em alguns dispositivos;
- caso você já use óculos, ao trabalhar por longos períodos, prefira eles ao invés de lentes de contato, que podem aumentar o ressecamento e a irritação.
Ao experimentar sintomas persistentes, é importante ainda procurar ajuda médica para um diagnóstico correto e recomendações mais específicas.
Lembrando que os dispositivos eletrônicos e a tecnologia são grandes aliados até mesmo dos cuidados com a saúde, mas devem ser utilizados com moderação para não surtirem o efeito contrário e prejudicarem a sua visão e a qualidade de vida.
Aproveite para entender o que é saúde digital e como aparelhos de monitoramento podem ajudar no seu bem-estar!