Os diferentes tipos de leucemia podem ser agudos ou crônicos e precisam de tratamento precoce para aumentar as chances de sucesso
Leucemia é o termo que designa uma série de doenças malignas que têm origem, na maioria dos casos, nas células brancas do sangue (conhecidas como leucócitos). Mais raramente, a origem da doença está nas células vermelhas do sangue (chamadas de hemácias). Diante da variedade de manifestações desse quadro é que se fala na existência de diferentes tipos de leucemia.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), as projeções indicam que em 2022 foram diagnosticados mais de 11.500 novos casos da doença em todo o Brasil. Em 2020, foram registradas pouco mais de 6.700 mortes resultantes de complicações desse problema.
As características de cada um dos principais tipos de leucemia
Todos os tipos de leucemia têm início a partir da proliferação de células defeituosas na composição do sangue. Isso se dá desde a origem delas. Em síntese, todas as células que compõem o sangue são produzidas na medula óssea, tecido que preenche os ossos. Assim, essas células vão se multiplicando a partir das chamadas células-tronco localizadas na medula.
Na prática, isso faz com que todas as células da medula óssea sejam idênticas no início do seu desenvolvimento. A partir de certo ponto, elas se diferenciam e assumem a forma que terão dentro do organismo.
Esse percurso pode se desviar se uma ou mais mutações gerarem erros nesse processo de diferenciação e multiplicação das novas células. As causas para essas mutações são muitas e vão desde a exposição crônica a determinados produtos químicos até certa predisposição genética, bem como o acúmulo natural de erros de replicação do DNA que podem acontecer com o passar da idade.
Assim, a célula defeituosa começa a se multiplicar e passa a prejudicar a produção de células sanguíneas saudáveis. Por consequência, o sangue tem dificuldade para distribuir oxigênio e nutrientes em todo o organismo, bem como garantir a regulação de funções imunes importantes.
Levando isso em conta, os tipos de leucemia se dividem em dois grandes grupos. De um lado, temos as leucemias crônicas, posto que a multiplicação das células defeituosas é mais lenta. Isso faz com que a evolução da doença seja menos perceptível. Às vezes, é necessário esperar anos até que os sintomas sejam percebidos. Em contraste com as leucemias crônicas, nas leucemias agudas a multiplicação celular é rápida, gerando um quadro agressivo da doença. A partir da divisão entre leucemias agudas e crônicas, é possível detalhar as formas mais comuns dessa doença.
Leucemia Mieloide Aguda (LMA)
Embora não seja regra, esse tipo de leucemia atinge com mais frequência os idosos. Nesse quadro, as mutações atingem as células-tronco mieloides, fazendo com que elas interrompam seu desenvolvimento em um estágio de amadurecimento aquém do ideal. Posteriormente, elas se multiplicam de forma descontrolada. Ao mesmo tempo, isso prejudica o desenvolvimento de novas células sanguíneas saudáveis, fazendo com que o número delas caía.
Leucemia Mieloide Crônica (LMC)
Nos episódios de leucemia mieloide crônica, a medula óssea produz de forma descontrolada glóbulos brancos, fazendo com que eles se tornem predominantes no sangue. Contudo, a progressão dessa condição é lenta e, por muito tempo, quase sempre imperceptível, principalmente pelo fato de as células atingirem alto grau de maturidade. Normalmente, esse tipo de leucemia atinge adultos.
Leucemia Linfoide Aguda (LLA)
Esse costuma ser o tipo não só mais comum de leucemia em crianças, como também o câncer que mais atinge essa faixa etária. Nesse tipo de leucemia, uma célula-tronco linfoide defeituosa não alcança seu estágio funcional de desenvolvimento, de tal forma que essa célula com problema se multiplica e se dissemina pelo organismo. De forma rápida, o número de células saudáveis começa cair, o que costuma ser agravado pela supressão da função da medula, devido ao acúmulo das células defeituosas.
Leucemia Linfoide Crônica (LLC)
Um tipo com maior incidência em pessoas a partir dos 55 anos e raramente diagnosticado em crianças. Essa forma da doença é caracterizada pela progressão lenta do volume de linfócitos B na corrente sanguínea, a partir da produção descontrolada da medula óssea, ao mesmo tempo em que não impede e nem reduz o desenvolvimento das células saudáveis. Desse modo, nem sempre a confirmação do diagnóstico indica a necessidade de início imediato do tratamento.
Os sintomas mais comuns dos diferentes tipos de leucemia
Seja crônica ou aguda, à medida que os diferentes tipos de leucemia progridem, o número de células defeituosas na corrente sanguínea aumenta, prejudicando a atuação das células saudáveis. Como resultado, o indivíduo pode experimentar alguns sintomas. Entre os mais comuns estão:
- Anemia;
- Fadiga e fraqueza;
- Falta de ar;
- Palpitação no coração,
- Palidez;
- Sangramentos sem explicação, principalmente nas gengivas e no nariz;
- Manchas e pontos roxos pela pele;
- Maior suscetibilidade a infecções.
- Gânglios linfáticos inchados;
- Dores nos ossos e articulações;
- Perda de peso sem motivo aparente;
Em comum, a maioria das leucemias apresenta sintomas inespecíficos. Em outras palavras, isso significa que eles são genéricos e é difícil conectá-los de imediato a esse diagnóstico. No mais, nem sempre ter um ou mais sintomas dessa lista indica a presença de um quadro de leucemia. Além disso, como já destacamos, muitos pacientes permanecem assintomáticos por longos períodos.
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Diagnósticos, tratamentos e prognósticos para cada um dos tipos de leucemia
Na maioria dos casos, a primeira suspeita de um quadro de leucemia se dá pela combinação de um ou mais dos sintomas citados e achados específicos em exames de sangue de rotina. A partir disso, é comum que o profissional responsável encaminhe o paciente para um hematologista, médico especialista em doenças do sangue, medula e linfonodos.
O hematologista, por sua vez, solicita outros exames de sangue para conhecer outros parâmetros da saúde do paciente. Todavia, a confirmação do diagnóstico se dá pelo exame do conteúdo da medula óssea, chamado de mielograma. Para isso, é necessário extrair a medula do interior do osso, por meio de uma punção. Como complemento, em alguns casos será necessário realizar uma biópsia, também da medula.
Com a confirmação do diagnóstico e a compreensão de qual dos tipos de leucemia atinge o paciente, é possível iniciar o tratamento. Para tipos de leucemia de caráter agudo, a indicação e a combinação de quimioterapia com o gerenciamento das complicações derivadas do quadro. Nos quadros crônicas, são utilizadas terapias-alvo capazes de inibir as proteínas nas células resultantes da mutação genética que desencadeou o quadro.
Em alguns casos de leucemia aguda, será necessário recorrer a um transplante de medula. Muitas vezes, pode ser difícil encontrar um doador compatível. Em muitos casos, nem parentes próximos apresentam a compatibilidade buscada. Nessas condições, é possível recorrer ao Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). Esse banco de dados reúne os dados de pessoas que se cadastraram como possíveis doadoras.
Como quase todos os demais cânceres, o diagnóstico precoce dos diferentes tipos de leucemia contribui para o sucesso do tratamento. Dessa forma, é importante ficar atento aos sinais do corpo e procurar orientação médica quando algo estranho for notado.
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