Embora não sejam tecnologias necessariamente novas, foi com a pandemia de Covid-19 que a telemedicina e as consultas virtuais ganharam espaço definitivo na rotina de atendimento em diferentes especialidades médicas.
Com isso, é provável que você já tenha passado por um atendimento nessa modalidade ou conte com essa alternativa quando vai solicitar determinados tipos de suporte. Ainda assim, é sempre importante entender os limites desses recursos e saber como tirar melhor proveito deles no cuidado com a saúde.
Telemedicina e consultas virtuais são a mesma coisa?
Na prática, a telemedicina abarca uma série de recursos para a prestação de cuidados com a saúde por meio de recursos da tecnologia da informação. Nesse contexto, as consultas virtuais (ou teleconsultas) estão debaixo do guarda-chuva de possibilidades da telemedicina, que envolvem ainda emissão de laudos, acompanhamento profissional remoto ou até mesmo inovações consideráveis, como cirurgias à distância.
Seja como for, o termo telemedicina é usado no Brasil desde 2002, época em que uma resolução do Conselho Federal de Medicina passou a regulamentar a prática no país. De todo modo, o assunto só foi ganhar mais destaque com a pandemia, quando uma lei sobre o tema foi aprovada. Com isso, esse tipo de atendimento foi liberado enquanto durasse a emergência sanitária. No fim, uma legislação definitiva foi promulgada em 2022.
Dentro da definição sobre o tema, há modalidades de telemedicina síncrona (em que a conversa entre médico e paciente acontece em “tempo real”, algo muito comum nas consultas) e assíncrona (onde não há esse contato, como acontece durante a emissão de laudos e a avaliação de exames, por exemplo).
Há casos também em que a primeira consulta se dá de forma presencial e os demais atendimentos seguem por via remota. Além disso, vale reforçar que, a todo o momento, o médico responsável pelo atendimento remoto pode reavaliar a efetividade da telemedicina naquele quadro. Se for o caso, ele deve sugerir a substituição pelos contatos sem a intermediação da tecnologia.
É importante mencionar também que dentro dos planos de saúde, a oferta de serviços de telemedicina varia de acordo com a cobertura e as regras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Por isso, é importante que você confira sempre se o seu plano oferta tal modalidade de atendimento.
Quais as principais vantagens desses tipos de atendimento?
Mesmo com o arrefecimento da pandemia, é difícil agora imaginar um mundo onde não haja as possibilidades do atendimento remoto. Acima de tudo, esse recurso permite que médicos e pacientes poupem tempo e dinheiro com os deslocamentos antes necessários para a realização de uma consulta. Na pandemia, onde a mobilidade social foi reduzida para evitar a disseminação do vírus, esse foi o benefício que mais chamou a atenção.
A telemedicina pode ser importante também para reduzir lacunas de acesso a determinadas especialidades. Isso ainda é comum em localidades mais distantes, onde demandar certos tipos de atendimento nem sempre é tão simples.
É claro que ressaltar os benefícios da telemedicina e da possibilidade de consultas virtuais não significa ignorar determinadas limitações dos recursos. A primeira delas envolve um aspecto intransponível. Em muitos casos, o médico vai sempre continuar precisando de um exame físico mais detalhado para a avaliação do paciente (os exemplos são muitos e vão desde o acompanhamento das batidas do coração até exames ginecológicos).
Outras limitações da telemedicina dizem respeito à falta de acesso aos recursos necessários para o atendimento à distância (como a conexão com a internet e os dispositivos eletrônicos) e a pouca familiaridade que algumas pessoas têm com celulares e computadores (o que acontece, sobretudo, com os mais idosos).
Com o tempo e novas tecnologias (como a inteligência artificial e as conexões 5G) é esperado que algumas dessas barreiras diminuam bastante. Ainda assim, a mensagem mais importante que deve permanecer é que telemedicina ainda é, antes de tudo, medicina e, portanto, deve respeitar parâmetros de ética e qualidade no atendimento prestado.
Veja também: 9 dicas de autocuidado para aumentar a longevidade
Como aproveitar todos os benefícios da telemedicina?
Para os pacientes que vão passar por atendimento remoto pela primeira vez, algumas recomendações podem ser importantes para tirar o melhor proveito do recurso disponível. Entre elas estão:
- Confira sua conexão com a internet antes de entrar na consulta.
- Escolha um local silencioso e que garanta sua privacidade para conversar com o médico.
- Tente usar um fone de ouvido e um microfone para facilitar a comunicação.
- Não faça outra atividade durante a consulta à distância, já que isso pode atrapalhar bastante o atendimento.
- Anote as dúvidas a serem tiradas sobre sua saúde e siga as orientações passadas pelo profissional.
Do ponto de vista profissional, cabe ao médico responsável pelo atendimento assegurar um ambiente capaz de resguardar o sigilo e as demais diretrizes éticas que norteiam sua relação com o paciente. Isso envolve explicar as limitações do atendimento remoto e ser claro sobre a eventual necessidade de transpor o atendimento para a forma presencial, inclusive diante da demanda por exames específicos.
Cabe destacar também que receitas, atestados e solicitações dos exames emitidos durante consultas virtuais precisam de certificação digital para ter sua validade assegurada. Na dúvida, o paciente deve esclarecer esses pontos junto ao médico responsável.
Em suma, telemedicina e consulta virtuais abrangem recursos de suporte à saúde que prometem ser cada vez mais relevantes com o avanço da tecnologia. Ainda assim, embora as possibilidades sejam muitas, a medicina da forma como conhecemos seguirá existindo, já que o contato humano ainda é insubstituível em muitas circunstâncias.
Aproveite e entenda melhor o que é a saúde digital e de que forma dispositivos de monitoramento podem ajudar no cuidado com a saúde.