Mais do que uma moda das redes sociais, o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, ou somente TDAH, traz inúmeros impactos na vida de quem sofre com a condição, em diferentes âmbitos. Ou seja, o prejuízo pode se dar inclusive em casa, junto a pais, mães e demais cuidadores. Por isso, a influência do TDAH na família deve ser sempre levada em conta no acompanhamento de quem recebe o diagnóstico.
Dessa forma é possível garantir não só o progresso adequado de quem convive com o problema, como também garantir a manutenção da saúde mental de todos os membros do núcleo familiar. Assim, os prejuízos impostos pela condição tendem a ser menores, em todos os contextos.
Sintomas e características do quadro de TDAH
O TDAH é um distúrbio neuropsiquiátricocaracterizado por níveis inadequados de desenvolvimento associados a dificuldade de concentração junto a comportamentos impulsivos e hiperativos exacerbados (inclusive em relação à atividade motora).
Por outro lado, é preciso sempre reafirmar que nem toda desatenção ou agitação é TDAH. Os sintomas devem ser persistentes (por ao menos 6 meses), ter se manifestado antes dos 12 anos e afetar atividades diárias em pelo menos dois ambientes (em casa e na escola, por exemplo).
Apesar de ser mais comum em crianças, em alguns casos o TDAH só é diagnosticado na vida adulta. Nesses cenários, outros sintomas associados são:
- Alterações de humor;
- Dificuldade para concluir tarefas e manter relacionamentos;
- Impaciência constante.
De qualquer forma, para o diagnóstico do TDAH, esses sinais não podem ser explicados por outro problema de saúde.
O paciente diagnosticado com TDAH pode ser classificado dentro de um dos 3 tipos da doença, conforme a natureza do seu quadro:
- Predominante desatento.
- Predominante hiperativo.
- Uma combinação entre ambos.
Não se sabe ao certo o que causa o TDAH. Acredita-se que uma combinação de fatores ambientais faz com que diversas áreas do cérebro tenham estimulação inadequada. De qualquer forma, parece haver um vínculo hereditário: pais com TDAH têm mais chance de ter filhos com o problema. Além disso, na média, TDAH atinge cerca de duas vezes mais meninos do que meninas.
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O caminho do diagnóstico
Há um grande debate entre especialistas: há quem ache que haja exagero no número de diagnósticos de TDAH. Entretanto, outros apontam que há subdiagnóstico. Com isso, quem se beneficiaria do tratamento não estaria estreando no radar dos profissionais de saúde.
Como acontece em diversos outros problemas de saúde mental, não há um exame clínico específico que aponte categoricamente a presença de um quadro de TDAH. A partir disso, o profissional de saúde precisa fazer uma avaliação cuidadosa incluindo o histórico do paciente para determinar o diagnóstico. Em alguns casos, os primeiros sinais são percebidos por educadores.
O médico ou psicólogo, por sua vez, pode avaliar a natureza do quadro de desatenção e em que tipo de tarefa ela manifesta. Além disso, é preciso observar o comportamento motor da criança (se ela não para quieta ou corre e pula quando não deveria), avaliar se ela fala demais, em especial em momentos inapropriados, e se tem comportamento impulsivo, tanto na interação com colegas, quanto com os responsáveis.
Por fim, o profissional de saúde responsável procura se há algum déficit de aprendizagem notável (ou seja, um prejuízo ao ritmo do aprendizado, que pode se manifestar na dificuldade para aprender a ler, escrever ou fazer cálculos simples).
Tratamentos disponíveis
Seja como for, o tratamento do TDAH pode combinar a prescrição de medicamentos e intervenção psicológica, dependendo da idade da criança. Para aqueles que estão em idade escolar, a união entre remédios e o suporte da psicoterapia costuma oferecer melhores resultados.
Em crianças de idade pré-escolar, apenas a prática psicoterapêutica tende a ser indicada. Os sintomas costumam diminuir com o passar da idade e a chegada da vida adulta. Porém, muitas das dificuldades acumuladas devido à dificuldade na infância podem persistir.
Enfrentando o impacto do TDAH na família
Independentemente do diagnóstico e do tratamento, a presença do TDAH na família exige uma série de intervenções adicionais para lidar com uma série de questões que podem vir à tona a partir do comportamento de quem sofre com a condição.
Não é incomum que pais de crianças com TDAH relatem uma dinâmica familiar estressante. E isso pode ser aparecer até mesmo em situações corriqueiras, como tomar banho, pegar no sono ou manter o ambiente minimamente organizado. Esses conflitos podem atingir até mesmo a vida matrimonial do casal, já que pais e mães podem entrar em conflito sobre qual a melhor forma de cuidar do filho.
No longo prazo isso pode alimentar sentimentos de frustração e raiva. Além disso, nesse estágio os pais podem desistir de impor qualquer barreira aos filhos ou fazer isso de forma inadequada, exagerando na dose. Assim, a criança com a condição pode se sentir incompreendida e rejeitada, o que pode contribuir para o desenvolvimento de outros problemas de saúde mental.
Por outro lado, isso não significa que toda família com alguém com TDAH conviverá com os mesmos conflitos e fontes de estresse. Em todo caso, a orientação adequada aos pais e cuidadores pode preparar os pais para cumprir melhor seus papéis diante de um contexto que pode ser mais desafiador do que cuidar de filho já é naturalmente.
Com isso, programas de suporte, auxílio e orientação são importantes para mitigar o impacto da TDAH na família. Isso, claro, contribui com a saúde mental de todos. No longo prazo, tais abordagens também podem oferecer melhores desfechos e uma maior progressão em relação aos sintomas característicos.
Aproveite para conferir algumas dicas de promoção da saúde mental e veja o que pode ser feito para evitar o adoecimento psíquico.