Dar à luz, por si só, engloba uma série de desafios para a vida da mulher. A partir desse momento, ela precisa encarar uma nova realidade, que envolve a atenção constante não apenas consigo mesmo, mas também com o bebê que veio ao mundo. Assim, o cuidado com a saúde mental no puerpério deve receber atenção específica.
Em muitos casos, as oscilações fisiológicas e emocionais desencadeiam o que os especialistas chamam de depressão pós-parto. Isso, claro, pode exigir acompanhamento profissional específico, mas demanda também suporte da rede de apoio da puérpera.
O que define o puerpério
O puerpério é o conceito que define o período nas semanas seguintes ao parto em que o corpo da mulher retorna à condição anterior à gestação (com exceção das mamas, que sofrem influência da lactação), fazendo com que os ciclos menstruais retomem o ritmo habitual e uma nova gravidez se torne possível.
Não existe uma regra que vale para todos os casos, mas considera-se que tal janela de tempo dura entre seis e oito semanas. Isso é o equivalente a entre 45 e 60 dias. Por outro lado, algumas mulheres podem perceber períodos de puerpério mais longos, por conta da amamentação, que bloqueia novas ovulações.
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Como esse período pode afetar a saúde mental da mulher
Um puerpério saudável é fundamental para a saúde tanto do bebê quanto da mulher. Além de ser a fase mais importante da amamentação, é nesse intervalo que eles estabelecerão laços afetivos que terão influência pela vida toda.
Ainda assim, isso não significa que tal dinâmica será sempre agradável. O volume de novidades e incertezas desse período faz da saúde mental no puerpério um desafio e um tópico que exige atenção constante. Entre os aspectos objetivos que podem influenciar em tal período estão:
- Falta de sono adequado por conta dos cuidados com o bebê.
- Alterações na alimentação.
- Isolamento de outras formas de convívio social.
- Ausência de apoio do parceiro e de familiares.
- Sedentarismo.
- Sensação de incapacidade de cuidar do bebê.
- Dificuldades para manter a amamentação adequada.
- Contar com histórico anterior de transtornos psiquiátricos (como ansiedade e depressão).
Diante disso, é esperado que a mãe no puerpério oscile entre momentos de tranquilidade e situações que as sensações desagradáveis são maiores. Por isso, tal período costuma receber o nome de baby blues.
Em geral, algumas dessas variações de humor são esperadas, mas passageiras, persistindo por alguns dias ou semanas. No entanto, a partir do momento em que elas se tornam constantes e persistentes, tal evolução pode sugerir a presença de um quadro de depressão pós-parto
O impacto da depressão pós-parto
Em resumo, a depressão pós-parto é o quadro em que a mãe que acabou de dar à luz apresenta um conjunto de sintomas, sentimentos e emoções que refletem um estado de profunda tristeza e desesperança ao longo do puerpério.
Dados de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que essa condição atinge até 25% das puérperas brasileiras. Esse percentual, claro, pode mudar de acordo com uma série de circunstâncias individuais e sociais.
A confirmação desse diagnóstico depende de avaliação profissional (por um psiquiatra e/ou psicólogo), que para isso considera a presença dos seguintes sinais:
- Humor deprimido, a maior parte do tempo.
- Perda de interesse geral.
- Problemas no sono (dormir demais ou de menos).
- Mudanças no apetite (comer muito ou pouco).
- Sensação constante de culpa.
- Redução na capacidade de concentração ou de concluir tarefas;
- Diminuição da atenção sobre a criança ou medo de causar algum mal a ela.
- Ideação suicida.
Diversas variáveis são consideradas para confirmar o quadro, mas costumam ser tomados como referências sintomas que persistem por duas ou mais semanas, parecem piorar ou geram situações de riscos para a mãe ou o bebê.
Medidas essenciais para atravessar esse período
Após o diagnóstico da depressão pós-parto, o tratamento indicado costuma combinar o uso de determinados medicamentos (considerando a forma como isso afeta a amamentação) e a psicoterapia.
Mudanças no estilo de vida que permitam à mulher ter espaço para si própria, praticar exercícios físicos e manter uma alimentação equilibrada também são bem-vindos.
Nesse contexto, a rede de suporte da puérpera (o que inclui parceiros e familiares) deve estar atenta a formas de prestar o apoio necessário para aliviar o diagnóstico nesse período. Isso deve se dar, claro, independentemente de qualquer diagnóstico.
Esse apoio no compartilhamento de tarefas e demandas é fundamental para garantir a essa mãe ter tempo para cuidar de si mesmo e aliviar a pressão que tem forte influência sobre a saúde mental no puerpério.
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