A automedicação é caracterizada pela ação de se utilizar um medicamento sem prescrição médica ou diagnóstico correto, com o objetivo de tratar uma doença ou aliviar os sintomas. Essa é uma prática muito comum no país, como comprova a pesquisa de 2019 feita pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), que apontou que 77% dos brasileiros consumiram medicamentos sem orientação médica.
A pesquisa também mostrou que amigos e familiares são considerados os principais responsáveis por influenciar no uso de medicamentos sem prescrição médica e que a frequência da automedicação é maior entre as mulheres. Os principais medicamentos adquiridos pelos brasileiros são os analgésicos e antitérmicos, seguidos pelos antibióticos e, em terceiro lugar, os relaxantes musculares.
A prática da automedicação é prejudicial à saúde pois, caso o autodiagnóstico seja feito de maneira incorreta, pode provocar o agravamento de doenças ou até mesmo mascarar determinados sintomas.
Neste texto você vai conhecer um pouco mais sobre os riscos da automedicação!
Leia mais! Coronavírus, mercado financeiro e previdência privada
O que mais motiva a automedicação?
De acordo com informações da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) do Ministério da Saúde, algumas das razões que influenciam milhares de brasileiros a se automedicarem são:
- Variedades de produtos farmacêuticos disponíveis;
- Facilidade de comercialização desses medicamentos;
- Fácil acesso a grande quantidade de informações médicas disponíveis;
- Fatores culturais;
- Associação da farmácia como um local em que se vende os mais variados produtos.
Dados do Conselho Federal de Farmácia mostraram que, atualmente, existem mais de 100 mil farmácias (contando hospitalares, públicas, comerciais e com serviços de manipulação) e drogarias comerciais no Brasil. A grande quantidade de estabelecimentos justifica o porquê do fácil acesso a tantos medicamentos sem necessidade de prescrição médica.
A automedicação provoca complicações
Uma das maiores consequências da automedicação é a intoxicação. O erro na dosagem e o uso excessivo de um medicamento – como analgésicos e anti-inflamatórios – podem provocar reações alérgicas. Alguns dos sintomas dos quadros de intoxicação medicamentosa são: aceleração dos batimentos cardíacos, vômito, queda ou aumento da pressão arterial, sudorese e tontura.
Segundo a BVS, a anafilaxia é um tipo grave de reação alérgica e também pode ser provocada pelo uso de medicamentos. Nesses casos, o paciente tem sensação de desmaio, dificuldade de respiração, inchaço nos lábios, língua e garganta, pode apresentar coceira, ter perda de consciência e sofrer uma parada cardíaca.
Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de 2017 mostraram que, dos mais de 75 mil casos de intoxicação humana no Brasil, 27,11% deles – mais de 20 mil – foram causados por medicamentos.
4 outros riscos comuns da automedicação
1. Interação medicamentosa
Ocorre quando o medicamento ingerido entra em contato com outro remédio consumido anteriormente pelo paciente, com alimentos ou drogas (cigarro, álcool e drogas ilícitas), podendo anular ou até potencializar os efeitos de ambos;
2. Dependência
Ao serem consumidos em grandes quantidades ou por um período maior do que o recomendado, alguns medicamentos podem levar ao vício, fazendo com que a pessoa se torne uma dependente química;
3. Resistência de microrganismos
Quem faz uso de alguns medicamentos de maneira exagerada pode fazer com que os microrganismos presentes no corpo se tornem mais resistentes, fazendo com que seja necessário utilizar medicamentos mais fortes para combatê-los posteriormente;
4. Atraso do diagnóstico correto
Apesar de “resolver” rapidamente o problema, medicamentos de alívio imediato da dor podem mascarar os sintomas de doenças mais sérias, fazendo com que o diagnóstico seja tardio ou que essa enfermidade não seja tratada corretamente.
Os riscos da automedicação durante a pandemia
Devido ao receio de contaminação no começo da pandemia – quando o número de mortes diárias era exorbitante e ainda não havia vacina – muitas pessoas recorreram a medicamentos que já tinham em casa e indicações de terceiros para se automedicar. Algo que potencializou essa prática foi o compartilhamento de informações a respeito do chamado tratamento precoce contra a Covid-19.
Segundo o Instituto de Pesquisas Datafolha, das 23% de pessoas que fizeram uso de remédios como forma de prevenção da doença, 12% se medicaram por conta própria. Medicamentos como a hidroxicloroquina e a ivermectina, quando utilizados como forma de tratamento precoce, além de não apresentar comprovação científica de eficácia, também podem provocar problemas de saúde.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) informou o aumento do número de infecções resistentes a esse tipo de medicamento em diversos países da América do Sul. O uso de substâncias como a hidroxicloroquina pode provocar arritmias e agravar problemas de hepatite.
Leia mais! A importância das vacinas: entenda por que você deve manter a imunização em dia
Fique atento!
Ao apresentar os primeiros sinais de dor ou mal-estar, não consuma nenhum tipo de medicamento sem conhecimento e sem a orientação de um profissional de saúde habilitado. Em caso de dúvidas, consulte sempre um médico ou farmacêutico. A automedicação não é recomendada e pode provocar graves problemas de saúde!