Por mais que você se organize, imprevistos podem acontecer e afetar seu planejamento de uma hora para outra. É nesses momentos que a manutenção de uma reserva de emergência pode fazer toda a diferença para minimizar o impacto desses problemas sobre o controle das suas finanças pessoais.
De todo o modo, nem sempre é simples dar o primeiro passo na formação desse montante destinado a cobrir imprevistos. Sendo assim, vale entender melhor de que forma esse recurso pode ser construído e mantido para servir ao propósito esperado e contribuir para uma vida um pouco mais tranquila.
O que é uma reserva de emergência e quais são seus objetivos?
Como o próprio nome explica, uma reserva de emergência é uma quantia que fica guardada justamente para fazer frente a imprevistos que não estão listados no seu orçamento de todo o mês. Pense, por exemplo, na queda de renda pelo desemprego ou em situações corriqueiras, como um carro quebrado, na troca de um eletrodoméstico caro ou ainda em uma despesa de saúde inesperada.
Desse modo, com o dinheiro guardado é possível absorver o impacto do imprevisto sem que seja preciso recorrer a outras soluções mais caras (como empréstimos, que cobram juros) ou sem que tal despesa desorganize as suas finanças de forma significativa. No fim, tudo isso pode levar ao endividamento.
Não custa lembrar o peso que questões envolvendo o dinheiro podem ter para o bem-estar, sobretudo psíquico. De acordo com levantamento feito a pedido da Serasa Experian, os problemas financeiros fizeram com que:
- 83% dos entrevistados tivessem problemas para dormir.
- 78% acumulassem pensamentos negativos devido aos débitos em atraso.
- 74% alegassem dificuldade de concentração para a realização de tarefas diárias.
- 61% experimentassem ansiedade ao pensar na dívida.
- 53% afirmassem sentirde medo do futuro.
- 51% afirmassem conviver com a sensação de vergonha por conta do endividamento.
A pesquisa foi feita com amostra de mais de 5 mil pessoas que tinham dívidas no momento que responderam a um questionário online. Mais da metade dos participantes tinha no cartão de crédito o principal motivo das contas em atraso.
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Por que é importante investir o dinheiro da reserva de emergência?
Não existe fórmula mágica para organizar uma reserva de emergência. Seja como for, a principal recomendação é separar uma fatia da renda mensal e destiná-la a poupança ou outro investimento conservador e de liquidez diária para imprevistos. Não há também valor ideal para isso, mas é possível começar aos poucos e ir aumentando progressivamente a quantia separada.
Para isso, liste todos os seus gastos e veja quais deles são essenciais mês a mês (como aluguel, despesas com supermercado, conta de luz, água, e assim por diante). Feito isso, inclua nas contas a fatia para a formação desse colchão de segurança. Nos primeiros meses pode ser difícil, mas com o orçamento em ordem pouco a pouco o hábito vai se tornando mais natural.
Em todo o caso, é importante encontrar uma forma de investir o dinheiro acumulado. Isso é relevante, sobretudo, quando se considera que com o passar do tempo a inflação corrói o poder de compra do dinheiro.
É só imaginar o que era possível comprar com R$100 há alguns anos e o que a mesma quantia leva para casa hoje em dia. Assim, se a reserva de emergência não for aplicada, o dinheiro acumulado perderá valor para quando precisar ser usado no futuro.
Nessas circunstâncias, um bom investimento para essa finalidade é aquele que, pelo menos, cobre as perdas com a inflação. Embora a caderneta de poupança seja a opção de investimento mais conhecida entre os brasileiros, existem outras opções de aplicação com melhores retornos sem oferecer grandes riscos.
Seja como for, na hora de escolher um investimento para esses recursos, é preciso considerar que eles devem ser estáveis (ou seja, não sofrerem com oscilações do mercado financeiro) e ter uma alta liquidez. Na prática, isso significa que eles devem ter a opção de saque a qualquer momento sem burocracias.
Como fazer um bom uso da reserva de emergência?
À medida que o montante acumulado na reserva de emergência for crescendo, é preciso manter o foco para não desvirtuar o seu uso. No dia a dia, ele não deve ser resgatado para bancar gastos não essenciais, mas pode ser importante diante de uma situação inesperada.
Para otimizar o uso do dinheiro guardado, vale pensar nele como um seguro de vida. Ao contratar uma apólice, você sempre tem em mente que não será necessário usá-la, a não ser como o recurso que está lá apenas para reforçar sua tranquilidade.
Outra forma de usar com inteligência a reserva de emergência é avaliar se ela será empregada para cobrir uma necessidade ou apenas um desejo. Trocar de carro apenas porque um novo modelo saiu é uma vontade que certamente pode ser postergada. Por outro lado, comprar uma geladeira nova para trocar a antiga quebrada é uma necessidade que pode ser coberta pelo dinheiro acumulado sem gerar uma nova dívida.
Claro que essas são apenas situações hipotéticas. Assim, cada pessoa (ou família) deve avaliar seu contexto para tomar uma decisão segura sobre quando usar a reserva de emergência. Ademais, com a situação em ordem e o imprevisto resolvido, é preciso se planejar também para recompor a quantia utilizada, pensando sempre no futuro.
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