Ainda que o câncer de mama seja mais comum, a promoção da saúde da mulher também passa pela prevenção do câncer do colo do útero
Embora o foco original das iniciativas do Outubro Rosa seja a conscientização sobre o câncer de mama, esse não é o único problema que pode afetar a saúde feminina. Portanto, em tal contexto, reforçar a importância da prevenção do câncer do colo do útero também é indispensável.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (o Inca), em 2022, foram registrados mais de 17 mil novos casos da doença. No entanto, assim como acontece com outros tipos de câncer, essa doença conta com ferramentas importantes de prevenção e o diagnóstico em estágios iniciais amplia a chance de sucesso do tratamento.
O que pode influenciar a chance de desenvolver um câncer do colo do útero?
O útero conta com duas partes: o corpo, local onde os fetos se desenvolvem e o colo, parte mais baixa e estreita que liga o útero à vagina. O câncer do colo do útero atinge justamente o tecido que reveste essa segunda região. Ele se desenvolve lentamente a partir da alteração das células que compõem tal revestimento.
Por uma série de fatores, as células da região podem começar a se multiplicar desordenadamente e gerar lesões. Em parte das mulheres, essas alterações desaparecem por conta própria. Entretanto, outros pacientes acabam desenvolvendo a doença.
A maioria dos casos de câncer de colo do útero pode se dividir entre dois grandes grupos: os carcinomas de células escamosas (que representam entre 80% e 90% dos casos) e os adenocarcinomas (responsáveis por entre 10 e 20% dos diagnósticos).
Fator de risco principal
Dito isso, o principal fator de risco para um câncer de colo do útero é a infecção por determinados subtipos do HPV (papilomavírus humano, na sigla em inglês). Ele é transmitido, sobretudo, por meio de contato sexual desprotegido.
Na maioria dos casos, a infecção não gera sintomas perceptíveis. Quando eles aparecem, costumam se manifestar na forma de lesões genitais passageiras. A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que pessoas sexualmente ativas, sejam homens ou mulheres, serão afetadas por tal infecção e muitas delas podem ser atingidas de forma recorrente. Além disso, essa família de vírus também parece ter influência sobre casos de câncer de ânus, vulva, vagina, pênis, boca e faringe
No mais, o tabagismo e a idade são outros fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da doença.
Quais as formas de prevenção de câncer do colo do útero?
Uma vez que o HPV influencia a grande maioria dos casos de câncer do colo do útero, evitar a infecção pelo vírus é a principal medida de prevenção. Isso pode ser feito por meio da vacinação.
Já existem vacinas seguras e eficazes contra os principais subtipos do HPV relacionados aos casos de câncer do colo do útero. As doses recomendadas do imunizante devem ser aplicadas, de preferência, entre os 9 e os 14 anos, antecipando-se ao início da vida sexual. No Brasil, desde 2014, essas doses fazem parte do calendário de imunização das meninas. Em 2017, a imunização foi estendida para os meninos.
Essa doença provoca algum sintoma?
Diante da evolução lenta e silenciosa, em estágios iniciais um câncer do colo do útero não apresenta qualquer sintoma. Todavia, em casos mais avançados, a mulher pode sofrer com:
- Sangramentos não esperados;
- Secreções com aspectos anormais (no que diz respeito a cor, cheiro e quantidade);
- Dor/desconforto durante as relações sexuais.
Por fim, à medida que a doença progride pode haver dores nas costas, pélvis e pernas, além de desconfortos urinários ou intestinais. Quando o tumor se espalha para outras partes do corpo, sintomas diferentes desses mencionados também podem surgir.
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Quais os métodos de rastreamento e diagnóstico mais utilizados?
A falta de sintomas nos estágios iniciais reforça a necessidade de estratégias de detecção na prevenção do câncer do colo do útero. Para isso, podem ser adotadas medidas de diagnóstico precoce (ou seja, quando a mulher já apresenta sintomas sugestivos do problema) e de rastreamento, que utiliza exames para identificar alterações que de outra forma passariam despercebidas por longos períodos
Dentro das abordagens de rastreamento, o exame de Papanicolau é a ferramenta mais importante. Esse procedimento é feito por meio da coleta de células do tecido do colo do útero, permitindo que elas sejam avaliadas em laboratório. Essa análise pode identificar as chamadas lesões precursoras, que devem ser acompanhadas e eventualmente tratadas, impedindo a evolução até um câncer.
As diretrizes do Ministério da Saúde indicam que mulheres acima de 25 anos que já iniciaram sua vida sexual devem repetir o Papanicolau a cada três anos, após dois exames em anos consecutivos sem alterações.
Nos casos em que já há suspeita de um tumor, os recursos utilizados para confirmar o diagnóstico envolvem o uso de exames ginecológicos específicos e biópsia.
Como as opções de tratamento são definidas?
Tanto lesões precursoras quanto casos de câncer de mama em si devem ser tratados conforme avaliação médica. Se houver um diagnóstico de um tumor, o profissional avaliará o estágio da doença e a partir disso indicará qual a melhor alternativa disponível. Em geral, as intervenções costumam combinar cirurgia, quimioterapia e radioterapia, com posterior acompanhamento após o fim do tratamento.
Em todo caso, lembre-se sempre de que as opções de prevenção, diagnóstico e tratamento dependem das conclusões provenientes do acompanhamento profissional e das coberturas do seu plano de saúde conforme rol de procedimentos da ANS, a Agência Nacional de Saúde Suplementar. Na dúvida, não hesite em falar com seu médico.
Seja como for, a prevenção do câncer do colo do útero é outra parte da mensagem do Outubro Rosa que deve sempre ser reforçada. Conhecer as estratégias para reduzir o risco de desenvolver a doença e destacar a importância do diagnóstico ainda em estágios iniciais faz toda a diferença, ampliando a chance de sucesso do tratamento e reduzindo a mortalidade.
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