Não é à toa que existe um campo científico – a psicologia – todo dedicado ao estudo das emoções humanas. A psicoterapia usa a fala – e a escuta – para aprimorar o autoconhecimento, ajudar a curar feridas emocionais e as condições adequadas para uma boa saúde mental.
Acontece que expressar as emoções pode ir muito além dos benefícios do desabafo.
Estudos científicos apontam que participar de sessões de psicoterapia favorece a neuroplasticidade do cérebro. Ou seja, à medida que avança o trabalho realizado entre paciente e psicólogo, novos estímulos neurais vão sendo criados e consolidados, resultando na alteração de padrões de pensamentos, sentimentos e comportamentos.
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Para quem é a psicoterapia?
Ao contrário do que muita gente pensa, não é preciso ter o diagnóstico de uma doença ou transtorno para só então buscar ajuda. Assim como exercitamos os músculos em atividades físicas rotineiras para ter mais fôlego, flexibilidade e disposição, fazer terapia pode ser um caminho rico para o autoconhecimento e amadurecimento.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, saúde mental não é apenas a ausência de transtornos psiquiátricos. Saúde mental é um estado de bem-estar no qual um indivíduo é capaz de perceber suas próprias habilidades, lidar com o estresse normal da vida, trabalhar produtivamente e contribuir ativamente com a comunidade em que vive.
Não é preciso ter uma queixa específica para buscar a ajuda de um psicólogo ou psicanalista, mas esses profissionais podem ser especialmente relevantes para ajudar a lidar com momentos de sofrimento ou de mudanças importantes.
Confira algumas situações em que a psicoterapia pode ser útil:
- Mudanças de fase de vida como: casamento, separação, nascimento de um filho, mudança de cidade;
- Dificuldade de lidar com a doença ou com o luto;
- Necessidade de aprimorar as relações, ou seja, buscar entender como se comporta nas relações afetivas, profissionais e familiares, quais são os padrões e as dinâmicas desses relacionamentos;
- Momentos de indecisão ou falta de coragem;
- Após sofrer um trauma;
- Superar situações de abuso;
- Quando se está com dificuldade de dormir bem;
- Situações de angústia, depressão ou ansiedade;
- Quando se está passando por algum tipo de sofrimento mental;
- Quando se está tentando mudar um hábito ou comportamento;
- Durante o tratamento psiquiátrico.
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A cura pela fala
A expressão “cura pela fala” originalmente se referia à psicanálise, que foi a teoria e técnica que fundou a psicoterapia no século XIX. Desde então, inúmeros cientistas se dedicaram a esse campo do conhecimento e desenvolveram diversas outras técnicas. Hoje é possível encontrar cerca de 400 abordagens dentro da psicoterapia.
Ainda assim, todas elas continuam tendo algo em comum: a fala e a escuta atentas.
Na psicoterapia, o paciente fala sobre si mesmo, suas experiências, relações, pensamentos e sentimentos. À medida em que tudo isso é expressado, sob a condução do psicoterapeuta, o paciente revive determinadas situações e emoções, ouve a si mesmo, percebe como se expressa e quais sentimentos estão associados. Com isso, reconstrui a própria percepção sobre si e sobre os fatos que o angustiam.
Por isso, é fundamental que o paciente seja o mais honesto e aberto possível durante as sessões de terapia, dando voz para suas ideias e emoções.
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Resultados comprovados pela neurociência
Até alguns anos atrás, os resultados da psicoterapia podiam apenas ser verificados clinicamente: ou seja, observavam-se as mudanças sentidas e relatadas pelo paciente. No entanto, não era possível fazer um exame para demonstrar a cura, como fazemos depois de tomar um antibiótico contra uma infecção bacteriana, por exemplo.
Mais recentemente, com a evolução da neurociência, tem sido possível demonstrar que participar de sessões de psicoterapia provoca alterações no cérebro. Há pesquisas que provam que processos cognitivos e comportamentais alteram os processos biológicos durante a psicoterapia. Essas são evidências da estreita interface entre cognição, comportamento, emoção e cérebro.
Dessa forma, a neurociência veio mostrar, na prática, que as sessões de terapia são fundamentais, por exemplo, para o tratamento de pessoas que apresentam quadros de ansiedade, como transtorno de estresse pós-traumático, fobias, ansiedade social, transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos de humor.
Qual abordagem de terapia é a mais efetiva?
Mesmo como todo esse avanço, não foi possível demonstrar ainda se existe uma abordagem terapêutica que seja a mais efetiva. O que os estudos parecem demonstrar é que participar de um processo terapêutico estruturado é benéfico e efetivo no enfrentamento de questões psicológicas e emocionais.
Quais são as linhas de terapia disponíveis?
Existem diversas abordagens possíveis. Por isso, não é preciso se preocupar em conhecer as minúcias das linhas teóricas que guiam a formação do seu terapeuta. O mais importante é encontrar alguém em quem você confie e com quem se sinta à vontade para ingressar em uma jornada de autoconhecimento e cura.
Confira a seguir as principais linhas psicoterapêuticas.
Psicanálise
Desenvolvida e criada por Freud, essa abordagem estimula o próprio paciente a ter seus insights, ou seja, que ele mesmo compreenda o que está acontecendo consigo e quais vias ele pode usar para se modificar e sair do problema.
Psicologia Analítica de Jung ou Análise Junguiana
Nessa vertente, o objeto de estudo principal são os sonhos. Para estimular a imaginação, são utilizadas técnicas geralmente ligadas às artes como pinturas, esculturas, desenhos, técnicas de escrita e a caixa de areia.
Behaviorismo ou Analítico Comportamental
Nessa abordagem, entende-se que o ser humano está suscetível a mudar o seu comportamento de acordo com o ambiente em que está inserido. Dessa forma, o psicólogo avalia o que o paciente precisa e o ajuda a transformar o comportamento por meio de técnicas específicas.
Humanismo
Partindo do princípio de que só mudamos quando finalmente aceitamos quem somos, os terapeutas que seguem a linha do humanismo buscam criar um ambiente acolhedor e empático para que o paciente se desenvolva na direção em que ele mesmo escolher, gerando mudança e inserindo autoconfiança.
Psicoterapia Corporal ou Reich
Essa técnica trabalha com o entendimento de que os distúrbios psicoemocionais estão associados a distúrbios corporais. Dessa forma, além das conversas, as sessões englobam modificações de postura, respiração e relaxamento das tensões nos olhos, boca, garganta, diafragma, genitais.
Cognitivo-Comportamental
Na Terapia Cognitivo-Comportamental, o foco é mudar os chamados pensamentos disfuncionais. Ela parte do princípio de que cada pessoa tem um jeito de ver o mundo e que, quando essa forma se torna autodestrutiva, começam a aparecer os distúrbios emocionais.
Gestalt-terapia
Essa abordagem acredita que o sentir, o pensar e o agir precisam estar em sintonia e respeitados para que haja saúde. A proposta é que o paciente possa experienciar as coisas ao invés de ter somente o entendimento racional. Assim, quando isso acontece, ele passa a ter um entendimento integral dessas coisas.
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