
O Outubro Rosa é uma campanha mundial dedicada à conscientização sobre o câncer de mama, estimulando a prevenção, o diagnóstico precoce e o cuidado integral das pessoas afetadas.
Esse é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres em todo o mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, representando 28% dos casos novos de câncer no público feminino, segundo o Ministério da Saúde.
Porém, muito além dos aspectos físicos, a doença traz também repercussões na saúde mental e no bem-estar emocional que precisam de atenção e de manejos especiais.
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Como o câncer de mama afeta o emocional
O diagnóstico e o tratamento do câncer de mama são experiências altamente estressantes. Intervenções como quimioterapia, radioterapia e cirurgias podem provocar sintomas físicos e psicológicos intensos.
De acordo com um artigo publicado na Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, as reações emocionais após o diagnóstico podem variar, mas alguns sentimentos são comuns, como:
- angústia;
- frustração;
- raiva;
- tristeza;
- preocupação com a sobrevivência;
- receio de metástases ou recidiva;
- medo das mudanças na aparência.
Muitas mulheres também relatam baixa autoestima, estresse e irritabilidade durante o tratamento, além da preocupação com alterações na vida profissional, social e familiar.
Pacientes mais jovens podem sentir o impacto de forma ainda mais acentuada, devido às preocupações com fertilidade, planos para o futuro e vida sexual ativa.
Já as alterações na imagem corporal e o estigma social contribuem para o sofrimento e, muitas vezes, afastam as mulheres de sua rotina habitual, levando ao isolamento.
Consequências psicológicas
Quando os sintomas emocionais se tornam persistentes, podem evoluir para distúrbios de saúde mental. Segundo revisão publicada no periódico da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, cerca de 21% das pessoas em tratamento de um câncer apresentam depressão e 18% desenvolvem transtornos de ansiedade.
Esses fatores podem, inclusive, comprometer a adesão ao tratamento e dificultar a reabilitação como um todo, o que reforça ainda mais a necessidade de manejar o aspecto emocional de forma cuidadosa.
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6 dicas para cuidar do emocional durante o câncer de mama
A atenção com a saúde mental é essencial durante os manejos terapêuticos e deve continuar após o enfrentamento da doença. Isso porque, mesmo depois da remissão, muitas mulheres ainda seguem com sintomas de ansiedade e depressão, segundo estudo da Revista Brasileira de Cancerologia, prejudicando a qualidade de vida.
Porém, é possível lidar com as emoções negativas de forma eficaz adotando algumas medidas simples no dia a dia.
1. Contar com uma rede de apoio
Esse é um dos fatores mais importantes para enfrentar o impacto emocional do câncer de mama, aponta artigo da Mayo Clinic. Conversar e se manter próxima de familiares e amigos cria um espaço de acolhimento seguro, no qual é possível compartilhar preocupações e emoções de forma aberta.
Também é essencial aceitar ajuda em tarefas do dia a dia, como transporte, preparo de refeições ou cuidados domésticos, para aliviar a sobrecarga e diminuir o estresse familiar.
Além disso, esse apoio não precisa vir apenas de entes queridos: participar de grupos de apoio e ter contato com outras pessoas que enfrentam a mesma situação possibilita a troca de experiências, compreensão mútua e sensação de pertencimento, contribuindo significativamente para o bem-estar emocional.
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2. Manter atividades cotidianas
Preservar a rotina, dentro do possível, ajuda a manter uma sensação de normalidade durante o tratamento. A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde das Mamas (FEMAMA) recomenda dar continuidade às atividades profissionais e outras tarefas diárias, pois favorece a autoestima e reduz a sensação de ruptura causada pelo diagnóstico.
Pequenos ajustes são necessários para respeitar os limites físicos, mas é importante que a pessoa continue se sentindo ativa e participante da própria vida. Ao mesmo tempo, também deve existir espaço para o descanso, que é fundamental nesse processo.
3. Adotar hábitos saudáveis
Atividade física regular, alimentação equilibrada e boas noites de sono impactam diretamente no fortalecimento do organismo e no equilíbrio emocional, sendo pilares essenciais do cuidado com a saúde física e mental.
Segundo o Ministério da Saúde, exercícios como caminhada, natação e alongamentos, quando adaptados e acompanhados por profissionais de saúde, ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade, melhoram o condicionamento físico e favorecem a recuperação.
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4. Investir em hobbies e práticas relaxantes
Dedicar tempo a atividades prazerosas, como leitura, assistir a filmes, ouvir música, dançar ou participar de atividades artísticas, é uma forma eficaz de aliviar a tensão emocional. Hobbies ajudam a resgatar a sensação de prazer e descontração, muitas vezes abafada pelo processo de tratamento.
Em paralelo, práticas como ioga, meditação e mindfulness também oferecem benefícios significativos, promovendo relaxamento, reduzindo sintomas de depressão e melhorando a qualidade do sono.
5. Experimentar terapias alternativas
O Ministério da Saúde aponta que práticas como acupuntura e auriculoterapia auxiliam na redução de sintomas como ansiedade, insônia e dor. A aromaterapia, por sua vez, pode promover relaxamento e contribuir para o bem-estar físico e mental, sobretudo quando associada a outras práticas como massagem e meditação.
Musicoterapia e arteterapia também se destacam, pois ajudam na expressão de sentimentos e proporcionam acolhimento, tanto em sessões individuais quanto em grupo.
6. Buscar apoio especializado
O acompanhamento psicológico ou psiquiátrico é fundamental para lidar com os desafios emocionais do câncer de mama. Psicólogos ajudam a trabalhar sentimentos de medo, ansiedade e depressão, promovendo estratégias para lidar com pensamentos negativos e resolver problemas de forma mais prática.
O objetivo principal é oferecer apoio integral, considerando as dimensões psicológica, emocional e social. Em alguns casos, também pode ser necessária a prescrição de medicamentos, como antidepressivos ou ansiolíticos, sempre sob orientação médica.
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Reconhecer e manejar os efeitos psicológicos do câncer de mama é tão essencial quanto o tratamento físico para que a jornada de reabilitação possa ser enfrentada com mais bem-estar e qualidade de vida.
Assim, ao lembrar da campanha Outubro Rosa, é importante destacar não só a conscientização sobre a doença, mas também a necessidade de cuidar da saúde de forma integral.
Antes de ir, entenda também como hábitos de rotina fazem a diferença na prevenção do câncer.