As discussões em torno da vacinação em massa ganharam força de 2020 para cá com a eclosão da pandemia de Covid-19, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2. A doença acometeu mais de 140 milhões de pessoas em todo o mundo e provocou mais de 3 milhões de mortes. Os dados estão disponíveis no painel de monitoramento criado pela Universidade Johns Hopkins e são atualizados diariamente.
Mas qual é a importância das vacinas na prática? As vacinas são atualmente o método mais fácil, seguro, eficaz e barato para proteger uma população contra doenças infecciosas e contagiosas como a Covid-19, e também protegem contra a tuberculose, a varíola e muitas outras enfermidades.
O sistema imunológico e as vacinas
O corpo reage diariamente aos ataques de bactérias, vírus e outros micróbios, por meio do sistema imunológico. Mas quando este sistema não está preparado para atacar o agente causador da doença, o organismo acaba adoecendo.
As vacinas são capazes de fornecer a imunidade contra esses agentes sem uma infecção.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) as vacinas existentes atualmente são capazes de prevenir mais de 20 doenças fatais e evitar a morte de 2 a 3 milhões de pessoas por ano em decorrência de doenças como a difteria, o tétano, a coqueluche, a influenza e o sarampo.
Os diferentes tipos de vacina e seus mecanismos de atuação
As primeiras vacinas foram descobertas há mais de duzentos anos. Atualmente, técnicas modernas são utilizadas para preparar os imunizantes em laboratórios.
As vacinas podem ser produzidas a partir de organismos enfraquecidos, mortos ou alguns de seus derivados.
As principais diferenças entre os imunizantes disponíveis estão no tipo de material (ou agente) usado para ativar o sistema imunológico.
Vacinas inativadas
As vacinas inativadas usam vírus ou bactérias que carregam a doença ou um material muito semelhante a ele, inativados por meio de sua exposição a produtos químicos, calor ou radiação.
As vacinas contra hepatite A, gripe e raiva são bons exemplos de vacinas inativadas hoje aplicadas na população.
Vacinas atenuadas
As vacinas atenuadas contêm agentes infecciosos vivos, mas enfraquecidos, que não têm a capacidade para produzir doenças. Quando aplicado no corpo, o vírus atenuado se replica de maneira lenta, sem causar danos ao organismo. A exposição prolongada ao vírus durante sua lenta replicação viral induz uma resposta imune.
As vacinas contra caxumba, febre amarela, rubéola, sarampo e varicela são produzidas a partir de agentes infecciosos vivos atenuados.
Vacinas de vetores virais
Já as vacinas de vetores virais utilizam um vírus inofensivo para entregar um pedaço do código genético do patógeno (causador da enfermidade) e simular uma infecção, o que permite o desenvolvimento de uma resposta imunológica contra a doença.
A tecnologia empregada na produção desse tipo de imunizante é relativamente nova, e vinha sendo estudada para produzir vacinas contra o ebola e a síndrome respiratória aguda grave (SARS), provocada por um coronavírus.
As vacinas de vetores virais estão sendo produzidas atualmente por alguns laboratórios para o combate da Covid-19. Alguns exemplos incluem as vacinas produzidas pela Oxford-Astra Zeneca e pela Janssen, que já estão sendo utilizadas com segurança na população.
Esses imunizantes podem ser aplicados por meio de injeção, inalação ou por via oral (as famosas gotinhas introduzidas pela boca). Quando uma pessoa é vacinada, seu corpo detecta a presença do agente causador da doença (o patógeno) na vacina e produz anticorpos contra ele. Esses anticorpos permanecem no organismo, evitando que a doença ocorra no futuro.
Importância das vacinas
A erradicação da varíola, decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1980, foi considerada um marco para demonstrar a relevância da imunização e reforçar a importância da vacinação na eliminação de doenças infecciosas.
Graças à vacinação o Brasil não registra casos de poliomielite desde 1989 e nos últimos anos apresentou uma significativa redução nos casos de rubéola, caxumba e coqueluche. No entanto, a redução das doenças também abre caminho para a falsa percepção de que a vacinação já não é mais necessária.
Um exemplo relativamente recente disso ocorreu com o sarampo. Em 2016, a Região das Américas foi declarada por um Comitê Internacional de Especialistas como livre do sarampo. O vírus, altamente contagioso, permaneceu em circulação em outras partes do mundo e em 2019 a Região das Américas tinha 2.927 casos confirmados da doença.
Veja mais: Por que é tão importante se vacinar contra o sarampo?
Imunidade de rebanho e proteção populacional
A pandemia de Covid-19 ajudou a colocar em evidência o termo imunidade de rebanho. A expressão é utilizada para definir o processo a partir do qual a cadeia de transmissão de uma doença é bloqueada após infectar um número considerável de pessoas.
Em teoria, esse bloqueio só pode ser alcançado por meio de vacina ou pela exposição natural ao vírus. Mas à medida que as doenças representam sérios riscos à saúde dos indivíduos fica claro que maneira mais segura para proteger a população de doenças infecciosas é por meio da vacinação.
Quando um número substancial de pessoas toma a vacina, a propagação da doença é drasticamente reduzida.
Como as pessoas também viajam de uma cidade a outra e de um país a outro, a vacinação em massa apresenta um importante papel no combate a epidemias de escala global.
Veja mais: Vacinação contra sarampo e pólio: cenário e prevenção
O perigo das variantes
A vacinação em massa também garante maior proteção dos indivíduos ao surgimento de novas variantes das doenças, especialmente as virais.
Quando um vírus circulando amplamente em uma população, causando muitas infecções, a probabilidade de ele sofrer uma mutação aumenta. A replicação do vírus ocorre em maior escala na medida em que ele se espalha e essa replicação constante eleva muito a possibilidade de ele sofrer mudanças.
A maioria das mutações virais tem pouco impacto na capacidade do vírus de causar infecções e doenças. Mas dependendo de onde essas alterações ocorrem, elas podem afetar as propriedades de um vírus, tornando-o mais ou menos transmissíveis ou causando doenças mais ou menos graves.
Por isso, a vacinação em massa é tão importante no controle das doenças infecciosas. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) disponibiliza em seu site um conjunto de orientações específicas para vacinação de todas as faixas etárias. Consulte-o e mantenha sempre a sua carteira de vacinação atualizada.