Durante a primeira infância, as crianças protagonizam muitos momentos esperados pelos pais conforme aprendem sobre o mundo ao seu redor. As primeiras palavras com certeza entram nessa lista – e não só por só por despertarem emoções na família, mas também porque a linguagem é muito importante, sendo a nossa principal forma de comunicação, pela fala, escuta ou escrita.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, as crianças geralmente costumam ter controle dos sons emitidos e entender algumas palavras entre 12 e 18 meses de vida. Já após os 24 meses é quando a fase de intenso aprendizado se inicia, expandindo o seu vocabulário.
Claro que pode existir uma variação dentro desse tempo para cada pessoa, mas é preciso ficar atento! Uma demora muito grande para conseguir se comunicar ou baixo volume de expressão podem indicar necessidade de procurar ajuda de um fonoaudiólogo.
Isso porque esse processo natural que todos passamos para o desenvolvimento da linguagem e da fala é influenciado por condições neurobiológicas e ambientais, que colaboram ou prejudicam seriamente o quadro. E vale lembrar também que os sinais de problemas podem aparecer só mais tarde, já na fase adulta.
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O que faz o fonoaudiólogo?
Os fonoaudiólogos são os especialistas na área médica que se ocupam da comunicação, sendo indicados para diagnósticos e tratamento dos distúrbios da fala, linguagem, cognitivos e de deglutição em pessoas de todas as idades, inclusive os bebês.
De acordo com a Associação Americana de Fonoaudiologia (ASHA), as patologias avaliadas por um fonoaudiólogo incluem:
Articulação ou transtorno fonológico:
Também conhecido como apraxia da fala ou disartria, em que o paciente junta as palavras faladas ou existem problemas aparentes nos sons da fala.
Afasia:
Afeta o entendimento do que é ouvido ou lido e a forma de usar as palavras para explicar aos outros seus pensamentos.
Problemas de alfabetização:
Prejudicam a fala, leitura, ortografia e escrita.
Pragmática e comunicação social:
Envolve o descumprimento de regras e condutas, falta de sociabilidade com pessoas diferentes e proximidade ao conversar com alguém.
Problemas que envolvem a voz:
Como rouquidão, perda fácil da voz, incapacidade de emitir sons, falar muito alto ou pelo nariz.
Fluência e gagueira:
É o quão bem a fala flui. Alguém que gagueja geralmente repete sons e faz muitas pausas ao falar. Muitas crianças passam por um período de gagueira, mas cerca de 75% recuperam o padrão da fala em mais ou menos seis meses, sem a necessidade de terapia. Se não acompanhada de esforço na fala e movimentos associados, como piscar o olho ou pressionar lábios, mãos etc, não gera grandes preocupações.
Comunicação cognitiva:
Ou seja, alterações na memória, atenção, resolução de problemas, organização e outras habilidades de pensamento.
Distúrbio de deglutição ou disfagia:
Causa alterações no sugar, mastigar e engolir de alimentos e líquidos. Se não tratado, pode levar à má nutrição, perda de peso e outros problemas de saúde.
Os motivos por trás desses problemas podem variar desde doenças crônicas, uma origem neurológica, como em consequência de danos cerebrais, derrame, convulsão ou câncer cerebral, até decorrerem de um trauma.
Dependendo da condição, o fonoaudiólogo pode trabalhar em conjunto com outros médicos para criar planos de tratamento adaptados às necessidades do paciente. Em alguns casos, é o responsável por modificar até a dieta – diante de problemas de deglutição, por exemplo, ou identificar a necessidade e prescrever um dispositivo gerador de fala.
Além de ajudar os indivíduos que apresentam dificuldades a encontrar maneiras de se comunicar, estuda cada caso individualmente para trazer soluções que sejam possíveis a sua realidade. O profissional também contribui no treinamento de familiares ou cuidadores, se preciso, e orientações de exercícios para treinamentos em casa.
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Quando procurar um fonoaudiólogo?
Caso você identifique uma das condições citadas acima, como a gagueira, os atrasos ou alterações no desenvolvimento de fala e deglutição, é importante procurar um fonoaudiólogo prontamente para um tratamento adequado. Todos esses problemas de comunicação costumam prejudicar a sociabilidade e podem afetar gravemente a saúde emocional do indivíduo.
Alterações na voz, como rouquidão, cansaço ao falar, voz fraca, mais fina ou grossa demais que persistam por mais de 15 dias também precisam de atenção de um profissional. Ainda, nos casos de perdas ou diminuição da sensibilidade auditiva, um otorrinolaringologista pode pedir um encaminhamento para um fonoaudiólogo para uma avaliação audiológica, que identifica seu tipo e a intensidade para um tratamento mais assertivo.
Problemas de linguagem em crianças
Especialistas do Cleveland Clinical Hospital, nos Estados Unidos, afirmam que para saber se o seu filho possui um distúrbio de linguagem é preciso avaliar o seu desenvolvimento verbal logo no início.
Se aos 2 anos de idade ele(a) ainda não consegue dizer em torno de 50 palavras nem combinar palavras para comunicar algo, vale procurar seu pediatra alguns testes – como os auditivos – e, se necessário, o encaminhamento para um fonoaudiólogo.
Ressaltando que aos 3 anos as crianças já devem conseguir pronunciar algumas consoantes, como o T, N e D, e costuma ser possível entender pelo menos 75% do que ela diz. Já aos 5 anos, elas devem ser capazes de falar a maioria dos sons da fala.
Amamentação
Como um profissional que avalia a musculatura da região orofacial, funcionamento da língua, lábios, bochechas e sucção, o fonoaudiólogo pode ajudar nos casos em que a alimentação do bebê apresenta algum problema. Ao identificar alterações, ele recomenda exercícios musculares que corrigem a amamentação.
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Doenças comuns da terceira idade
Algumas doenças como a demência, Alzheimer e Parkinson geralmente desencadeiam problemas de comunicação e memória, mas seus efeitos podem ser amenizados com a ajuda de um fonoaudiólogo.
Esse é um dos momentos em que o profissional é um ótimo apoio e auxílio para os familiares e cuidadores, ajudando-os no entendimento e compreensão do paciente. Também atua nas adaptações de mastigação e deglutição, indicando exercícios para estimular os músculos da região orofacial que aliviam a dificuldade de engolir e facilitam a alimentação.
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