Como anda a sua saúde financeira? Em tempos de crise e de incerteza com a pandemia do novo coronavírus (COVID-19), tem sido um grande desafio controlar o estresse financeiro. De acordo com pesquisa do Ibope Inteligência, a pandemia afetou a renda de 55% dos brasileiros, dos quais 66% dizem ter sentido queda superior a 25% no orçamento.
Além disso, entre os dias 8 e 14 de março de 2020, o comportamento de busca no Google por “ajuda financeira” nos Estados Unidos cresceu 203% em relação à semana anterior. Isto é, a preocupação com as finanças já era comum e afeta pessoas de todo o mundo. Mas, neste ano, a situação se agravou.
Com esse cenário, a forma como você lida com o dinheiro e seus problemas financeiros podem impactar e muito sua saúde mental.
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Como as finanças afetam a saúde mental?
De acordo com pesquisa da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR), a incerteza financeira é a principal causa de ansiedade e preocupação. E esse dado é de 2019, ou seja, antes da pandemia. Isso mostra que é fato que as finanças afetam a saúde mental.
Todo mundo está sujeito a ter dificuldades para pagar suas contas ou fazer compras impulsivas. Mas, como falamos antes, atualmente, com a pandemia do coronavírus, vivemos um momento de incertezas e vários setores sofreram quedas e perdas. Portanto, as preocupações financeiras podem ter aumentado.
Nesse cenário, além de se preocupar com o novo coronavírus e os problemas já comuns do dia a dia, preocupações com sua situação financeira e futuro imediato podem estar aumentando o estresse e afetando até a autoestima.
Situações como perder o emprego, contrair dívidas e ter gastos a mais que não estavam no planejamento, entre outras, podem afetar uma pessoa de diferentes formas. Isso porque a sensação de dificuldade em resolver um problema desencadeia sintomas no organismo. Em outras palavras, a preocupação em excesso predispõe ao aumento de cortisol e adrenalina, que são hormônios do estresse, na corrente sanguínea.
Possíveis consequências das preocupações financeiras
Dessa forma, de acordo com a The American Institute of Stress, as preocupações financeiras podem causar:
- Irritabilidade ou temperamento explosivo;
- Nervosismo ou preocupação;
- Mudanças de humor, incluindo raiva e tristeza;
- Choro;
- Alterações de apetite e problemas estomacais;
- Tensão ou dor muscular;
- Fadiga;
- Insônia.
Com o tempo, esses sintomas podem piorar e eventualmente contribuir para um transtorno de ansiedade ou depressão. Portanto, se não tomar certos cuidados, além de prejudicar a saúde financeira, você pode prejudicar sua saúde mental.
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Saúde mental também pode afetar decisões financeiras
Por outro lado, também existe o contrário. Quando estamos passando por problemas emocionais, tendemos a tomar piores decisões sobre nosso dinheiro. De acordo com o estudo Mind over Money, da Capital One e da The Decision Lab, o estresse impacta negativamente nossa capacidade de tomar decisões financeiras de forma racional. Assim, quando estamos estressados, nos sentimos com menos controle, tendemos a não conseguir economizar e nos tornamos mais impulsivos nas compras.
Além disso, segundo o Money and Mental Health Policy Institute, as pessoas com problemas de saúde mental têm três vezes mais probabilidade de ter dívidas do que as que não têm.
As finanças afetam a saúde mental. Mas a saúde mental também pode afetar as finanças. Porém, é possível solucionar isso. No caso de pessoas que já têm algum distúrbio mental, é importante ter um acompanhamento psicológico profissional e seguir o tratamento indicado. Isso ajudará a pessoa a ter mais qualidade de vida e se sentir mais segura com suas decisões.
Mas, além disso, é importante que todas as pessoas organizem suas finanças e saibam como controlar seus gastos. Embora as pressões financeiras possam ser estressantes, existem maneiras de controlar o dinheiro e cuidar da sua saúde mental.
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4 dicas para organizar as finanças e cuidar da saúde mental
Em primeiro lugar, é importante entender que você não está sozinho nessa situação. É muito comum, infelizmente, ter problemas com dinheiro e não ter conhecimento sobre a própria renda. Portanto, não carregue esse peso. Agora, confira algumas dicas práticas que podem te ajudar a enfrentar essa situação pelo resto de sua vida e, assim, evitar tantas preocupações.
1. Controle seus ganhos e gastos
O primeiro passo para ter um controle das suas finanças é colocar em um papel ou em uma planilha tudo que você ganha ou gasta. Dessa maneira, você cria um orçamento pessoal e consegue enxergar bem onde estão seus principais gastos. Para isso, você pode usar um aplicativo, uma planilha ou um caderno. Veja com o que você se adapta melhor. Isso é ainda mais importante agora que seus hábitos de consumo podem ter mudado com a pandemia. Portanto, mesmo que você tivesse uma vida financeira organizada antes, é importante que reavalie tudo.
Ao identificar quais são suas fontes de receita e quais são seus novos comportamentos de gastos, você conseguirá ver onde é possível fazer ajustes e cortar despesas. Com isso, você também poderá montar um plano para seu dinheiro. Uma forma comum e eficaz de fazer um orçamento é usar a regra 50/30/20. Isto é, 50% da sua receita mensal vai para as necessidades, como contas, alimentação, moradia etc. Depois, 20% vai para investimentos e reserva de emergência, e os 30% restantes você pode usar para o que quiser.
2. Estabeleça limites e metas
Escreva suas metas pessoais, profissionais e financeiras. Assim, será muito mais fácil economizar. Quando temos metas bem claras conseguimos guiar melhor nossas atitudes e decisões financeiras. Depois, defina limites para seus gastos. Por exemplo, qual é a verba total que tem para comprar os presentes de Natal neste ano? Não passe desse limite. Você pode também definir limites de, por exemplo, gastos com restaurante, entre outras situações que envolvam seu estilo de vida.
3. Não compre por impulso
Muitas vezes, a vontade de comprar é influenciada por fatores externos. Sendo assim, é importante identificar esses fatores para conseguir evitar que aconteçam ou pelo menos controlar melhor na próxima vez. Além disso, quando você vir alguma coisa que te desperta a vontade de comprar, espere um tempo antes de comprá-la.
Quanto mais tempo você conseguir esperar, melhor. Se, mesmo depois do prazo, você ainda estiver com vontade de comprar o produto e analisou bem para saber se ele se encaixa no seu orçamento, então considere fazer a compra. Outra dica é antes de comprar se perguntar sempre: eu quero? Eu posso? Eu preciso? O preço está realmente bom?
4. Converse sobre seus problemas e dúvidas financeiras
Às vezes, ficamos com vergonha e não falamos sobre dinheiro com outras pessoas. Mas guardar para você não irá resolver o problema. Portanto, converse com amigos, parentes ou até mesmo um especialista. Assim, você se sentirá mais aliviado, pois receberá apoio e cuidado. Dessa forma, você ainda poderá conseguir alguns conselhos e dicas que podem ajudar a resolver alguns problemas financeiros.
Além disso, é importante ler e estudar sobre educação financeira. Aos poucos, você vai conseguir entender melhor como lidar com dinheiro e quais decisões tomar. E isso ajudará você a se sentir mais seguro e menos ansioso com suas finanças.