É comum enfrentar uma dor de barriga vez ou outra na vida, mas a presença frequente de dores abdominais e episódios de diarreia podem ser um sinal de alerta para a existência de uma doença inflamatória intestinal.
De acordo com a Associação de Gastroenterologia do Rio de Janeiro (AGRJ), cerca de 5 milhões de pessoas são acometidas pela doença inflamatória intestinal em todo o mundo. No Brasil, 13 em cada 100 mil indivíduos apresentam algum dos subtipos da enfermidade.
Principais doenças inflamatórias intestinais
As principais doenças intestinais inflamatórias são a colite ulcerativa e a doença de Crohn. Apesar de crônicas, os tratamentos adequados podem devolver qualidade de vida aos pacientes.
Ambas acometem homens e mulheres em proporções iguais e de todas as idades, mas costumam ser diagnosticadas antes dos 30 anos. Independentemente disso, é importante que as pessoas de todas as faixas etárias fiquem atentas aos seus sintomas. Elas podem se manifestar em idosos, principalmente naqueles com mais de 60 anos e, segundo a ABCD, já é possível observar um número crescente de casos em pacientes com menos de 18 anos. Entenda as diferenças entre as doenças.
Colite ulcerativa vs. doença de Crohn
Enquanto a colite ulcerativa afeta o cólon (uma parte do intestino grosso), provocando a sua inflamação e a formação de úlceras em suas camadas superficiais, a doença de Crohn pode afetar qualquer estrutura do sistema digestivo, que vai desde a boca até o ânus.
Quando acender o sinal de alerta para colite ulcerativa e doença de Crohn?
Os primeiros sintomas para ambas as afecções são:
- Dor de barriga;
- Diarreia persistente;
- Presença de sangue nas fezes;
- Fadiga;
- Perda de apetite e de peso.
A partir daí, os sinais podem se diferenciar de um caso para outro. Na colite ulcerativa pode haver náusea, dores articulares e lesões na pele. Já a doença de Crohn pode ser marcada pela presença de constipação (intestino preso) e sensação de evacuação incompleta.
Diagnóstico e tratamento
Ambas as enfermidades podem produzir os mesmos sintomas que outras doenças (além deles serem semelhantes entre si). Por isso, é importante procurar auxílio médico na presença dos sintomas. Somente um profissional poderá fazer o diagnóstico adequado e indicar o melhor tratamento para cada caso.
O diagnóstico precoce evita complicações e ajuda a minimizar os seus sintomas. Ele é feito com base no histórico do paciente e de exames de fezes, sangue e de imagens. Já os tratamentos podem ser realizados por meio de medicamentos, para a redução da inflamação, dietas e, em alguns casos, cirurgia.
Causas destas doenças inflamatórias intestinais
Ambas têm causas desconhecidas. A hipótese mais aceita é de que as doenças inflamatórias intestinais sejam de origem multifatorial. Acredita-se que elas sejam uma resposta anormal do sistema imune, que pode ou não estar associado a uma predisposição genética, associada a uma dieta desequilibrada (rica em gorduras, conservantes e carboidratos) e ao mau uso de medicamentos, entre outros fatores.
Cuidados com a alimentação
A alimentação não é uma causa direta para o aparecimento da doença. No entanto, a adoção de uma dieta equilibrada e rica em nutrientes melhora a imunidade do corpo, ajuda no combate das infecções como um todo.
Quando as doenças inflamatórias intestinais se manifestam, a alimentação tem o duplo papel de auxiliar no controle dos sintomas e repor os nutrientes perdidos nos momentos de crise aguda.
Não existe um plano alimentar único capaz de beneficiar todos os portadores de colite ulcerativa ou de doença de Crohn. Diferentes dietas podem ser recomendadas pelo médico ou nutricionista, dependendo dos problemas apresentados e em momentos distintos da doença, mas podem incluir:
· Redução do consumo de sal
Indicado quando a terapia é feita com o uso de corticoides para reduzir a retenção de líquidos.
· Diminuição da ingestão de fibras
Para evitar o estímulo de movimentos intestinais durante as fases mais agudas das inflamações.
· Exclusão da lactose
Indicado nos casos em que o paciente apresenta intolerância à substância.
· Restrição de alimentos com alto teor de gordura
Recomendado durante as crises quando se observa que absorção da gordura pode ser um problema.
· Alimentação rica em calorias
Aconselhado somente nos casos em que há perda de peso.
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Relação de estresse e emoções com o sistema digestivo
É muito comum as pessoas associarem problemas no sistema digestivo ao estresse e a fatores emocionais. Embora algumas crises possam aparecer após eventos ou períodos estressantes, não há comprovação científica de que fatores emocionais possam causar a doença. Isso porque é muito difícil estabelecer se a angústia emocional vivenciada nos períodos de crise é uma reação aos sintomas da doença ou se ela é fator anterior, capaz de desencadear uma crise.
Além do mais, as enfermidades crônicas tendem a favorecer o surgimento de outra doença: a depressão. Sendo assim, o médico pode recomendar o uso de antidepressivos ou encaminhar o paciente para um profissional de saúde mental.
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Convivendo com a doença
No início pode parecer difícil, mas com o tempo é possível desenvolver algumas técnicas que ajudam a você a conviver com problema. Seguem algumas dicas:
- Faça diário alimentar: anote nele os alimentos que consome e observe se eles aliviam ou intensificam as crises.
- Roupa íntima extra: carregue sempre com você uma muda extra para ajudar no caso de um imprevisto.
- Saiba a localização dos banheiros: certifique-se da localização dos toaletes quando frequentar espaços públicos.
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