Quando falamos em cuidados com a saúde mental e bem-estar emocional, é normal surgirem dúvidas a respeito das formas de tratamento. Uma questão comum é sobre as diferenças entre psicólogo e psiquiatra, assim como a interação entre esses profissionais.
Apesar de terem nomes relativamente parecidos e lidarem com a saúde mental de um indivíduo, essas duas profissões atuam de formas bem distintas! Mas isso não significa que o tratamento realizado por um não possa beneficiar o do outro. Inclusive, muitos pacientes fazem o uso de psicofármacos como complemento do atendimento psicológico.
Neste texto você vai conhecer um pouco mais sobre a interação e as diferenças entre psicólogo e psiquiatra!
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O que faz um psicólogo?
Psicólogo é o profissional com formação superior em psicologia. Essa é uma ciência que estuda o comportamento, as emoções, processos mentais e pensamentos, assim como as interações de um indivíduo com o ambiente em que está inserido. O principal objetivo do acompanhamento psicológico é tratar e promover melhorias na saúde mental do paciente. Para isso, o psicólogo pode fazer uso de diferentes técnicas ou abordagens, como a terapia cognitivo comportamental entre outras.
O profissional formado em psicologia pode atuar em diversas áreas, são alguns exemplos:
- Psicologia clínica;
- Psicologia educacional;
- Psicologia organizacional e do trabalho
- Psicologia jurídica;
- Psicopedagogia;
- Psicologia social.
Quando procurar um psicólogo?
Para muitas pessoas, falar sobre saúde mental é um tabu. Alguns ainda acreditam que a psicoterapia seja “coisa de louco” e necessária apenas para tratar transtornos mentais. Na verdade, o psicólogo também é responsável por ajudar a lidar com questões do dia a dia e a encontrar soluções para algum tipo de sofrimento emocional. A terapia é um espaço que nos permite falar e expressar sentimentos com segurança e liberdade.
6 razões comuns que levam as pessoas a procurar um psicólogo
- Diagnóstico de transtornos mentais;
- Sofrimento por luto ou traumas;
- Problemas de insegurança;
- Dificuldade de relacionamento;
- Problemas familiares;
- Busca por autoconhecimento.
O papel do psiquiatra
O psiquiatra é um profissional graduado em medicina que, para que possa atuar na área, deve realizar uma especialização em psiquiatria, chegando a quase 10 anos de formação acadêmica e prática. A área envolve conhecimentos em neurologia e psicofarmacologia, assim como noções de psicologia. O psiquiatra lida com a prevenção, o diagnóstico e o tratamento do sofrimento mental.
Devido à formação médica, e por normalmente lidar com condições mais severas, o psiquiatra é apto para prescrever tratamentos medicamentosos, os chamados psicofármacos.
Quando procurar a ajuda de um psiquiatra?
Com foco em aliviar o sofrimento mental, seja ele de origem orgânica ou psíquica, o psiquiatra pode lidar com pacientes com depressão, ansiedade, compulsão alimentar, esquizofrenia, dependência química etc. Toda doença psiquiátrica exige avaliação de um profissional da área para definir se o tratamento da mesma envolverá o uso de medicamentos ou não.
6 tipos de transtornos que um psiquiatra pode tratar
- Depressivos;
- Psicóticos;
- De ansiedade;
- De personalidade;
- Alimentares;
- Dissociativos.
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O que são medicamentos psiquiátricos?
Também chamados de psicofármacos ou psicotrópicos, esses medicamentos são, na verdade, substâncias químicas que atuam no sistema nervoso central. Durante o tratamento medicamentoso, os remédios psiquiátricos afetarão os processos mentais de um paciente, assim como suas percepções, comportamentos e emoções. Alguns podem, ainda, provocar efeitos colaterais como boca seca, tremores, náuseas, arritmia cardíaca, falta de libido, aumento de peso etc.
Existem diversos psicofármacos conhecidos no país, como é o caso dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina, a exemplos das fluoxetinas e os benzodiazepínicos, como caso do diazepam. É o psiquiatra quem avalia e prescreve o uso desses ou de outros medicamentos, levando em conta fatores como história do paciente, idade, histórico de doenças e resposta ao uso de remédios psiquiátricos em tratamentos anteriores. É importante lembrar que esses remédios só devem ser utilizados com recomendação e orientação de um profissional!
Segundo levantamento feito pela consultoria IQVIA, solicitado pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), entre janeiro e julho de 2020, houve um crescimento de, aproximadamente, 14% nas vendas de antidepressivos e medicamentos estabilizadores de humor, quando comparados ao ano anterior. Esses remédios são utilizados para tratar doenças como depressão, distimia e transtorno afetivo bipolar.
Depressão e a importância do tratamento em conjunto
Enquanto o tratamento medicamentoso recomendado pelo psiquiatra atua nos sintomas físicos de um transtorno mental, a psicoterapia ajuda o paciente a lidar com as causas que levaram ao seu adoecimento psíquico. O trabalho em conjunto de um psicólogo e de um psiquiatra ajuda a promover a manutenção da saúde mental, além de contribuir para que o resultado do tratamento seja rápido e duradouro.
No caso da depressão, em algumas situações é necessário o uso de medicamentos. Nesses casos, o tratamento pode ser mais eficaz se feito em conjunto, ou seja, com o suporte de um psicólogo e de um psiquiatra. Os remédios ajudarão a tratar os sintomas e os efeitos da depressão, enquanto a psicoterapia auxiliará o paciente a lidar e enfrentar essas questões. A intenção é que o tratamento continue até que o indivíduo seja capaz de levar uma vida equilibrada sem necessitar do uso de medicamentos.
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A saúde mental no Brasil
Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Market Analysis, apenas 2% dos brasileiros vivendo nos principais centros urbanos fazem psicoterapia atualmente. O número é o mesmo de 20 anos atrás, quando a primeira medição foi realizada. Dados da OMS também mostram que o Brasil é o país mais ansioso do mundo: são mais de 18 milhões de pessoas (9,3% da população) convivendo com esse transtorno.
E parece que, desde 2020, com o início da pandemia de Covid-19, e devido às medidas de restrição e isolamento social, os casos de depressão no país duplicaram, é o que diz a pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em conjunto com o Yale New Haven Hospital.
A Política Nacional de Saúde Mental, coordenada pelo Ministério da Saúde, tem como objetivo prestar assistência a pessoas que necessitam de tratamento e cuidados em saúde mental, lidando com transtornos de depressão, ansiedade e esquizofrenia, até casos que envolvem o uso e a dependência de substâncias psicoativas – que agem no sistema nervoso central e podem alterar as funções cerebrais – como álcool e cocaína.
É sempre importante lembrar que qualquer transtorno mental necessita de tratamento e acompanhamento médico especializado, mas, como dito anteriormente, você não precisa do diagnóstico de um para cuidar da sua saúde emocional.
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