
Cansaço excessivo, alterações no peso, queda de cabelo, mudanças de humor sem motivo aparente… No dia a dia, esses sintomas costumam passar despercebidos ou são atribuídos ao estresse cotidiano.
No entanto, muitas vezes eles também podem indicar problemas na tireoide — uma glândula pequena, mas essencial para o funcionamento do corpo.
A seguir, confira quais são as condições mais comuns que afetam essa estrutura, como reconhecer os sinais e o que fazer para garantir sua saúde.
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O que é a tireoide e qual sua função no corpo
A tireoide é uma pequena glândula endócrina em formato de borboleta localizada na base do pescoço. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), ela é responsável por produzir dois hormônios principais: a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4), que regulam o metabolismo e controlam como o corpo utiliza energia.
Mas o seu impacto no funcionamento do organismo vai ainda mais longe e perdura por todas as fases da vida. Afinal, esses hormônios estão relacionados com:
- a formação dos órgãos fetais (principalmente o cérebro);
- o crescimento e desenvolvimento infantil;
- a fertilidade e a reprodução;
- a função intestinal;
- os batimentos cardíacos;
- o sono;
- o raciocínio e a memória;
- a temperatura corporal;
- o humor.
O controle adequado dessa produção hormonal é feito por outra glândula, a hipófise, por meio do hormônio TSH (que estimula a tireoide a produzir o T3 e o T4). Quando há um desequilíbrio em alguma das partes desse processo é que começam a surgir os problemas de tireoide.
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Distúrbios mais comuns da tireoide e seus sintomas
O Ministério da Saúde aponta que as doenças que mais afetam essa glândula se relacionam com o excesso de hormônios ou a falta deles. Porém, outras condições também podem acometer a região e manifestar sinais físicos. Conheça as principais:
Hipotireoidismo
Acontece quando a tireoide não produz hormônios suficientes para as necessidades do corpo, tornando todo o funcionamento mais lento. Ou seja, é possível experimentar:
- cansaço excessivo e sonolência;
- dores musculares e articulares;
- ganho de peso mesmo sem alterações na alimentação;
- intestino preso;
- pele seca e fria;
- queda de cabelo;
- lentidão mental e diminuição da memória;
- menstruação irregular;
- sintomas depressivos.
Apesar de ser mais comum em mulheres e em pessoas com histórico familiar, pode acometer até mesmo recém-nascidos (hipotireodismo congênito), que é a forma mais grave da condição e causa um atraso mental irreversível sem os cuidados adequados.
Segundo as diretrizes da Associação Médica Brasileira (ABM) o tratamento indicado é a reposição hormonal por meio de levotiroxina sódica (T4 sintético). É necessário acompanhamento médico regular e exames de sangue para ajustar a dose.
Hipertireoidismo
Ao contrário do citado acima, o hipertireoidismo ocorre quando a tireoide produz hormônios em excesso, acelerando as funções corporais e provocando:
- emagrecimento rápido;
- ansiedade e irritabilidade;
- intestino solto/diarreias;
- batimentos cardíacos acelerados;
- insônia;
- tremores nas mãos;
- suor excessivo.
Mesmo sentindo muita energia e estando agitada o tempo todo, a pessoa ainda fica muito cansada, aponta a SBEM. Nesse caso, o tratamento varia conforme a gravidade e a origem da disfunção, podendo incluir medicamentos antitireoidianos, iodoterapia ou cirurgia.
Tireoidite de Hashimoto
Doença autoimune em que o corpo ataca a própria tireoide, causando inflamação e, geralmente, levando ao hipotireoidismo. Dessa forma, os sintomas são semelhantes em ambas as condições, porém, aqui com maior tendência a flutuações hormonais nos estágios iniciais. O tratamento também é feito com controle hormonal.
Nódulos e câncer de tireoide
Os nódulos são formações sólidas ou císticas na glândula que, de acordo com estimativas da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, afetam 60% das pessoas em algum momento da vida. E em 95% dos diagnósticos eles são benignos.
Porém, eles também são o principal sintoma do câncer de tireoide, principalmente na frente da garganta, logo abaixo do que é chamado popularmente de “pomo de Adão”. Nos estágios mais avançados, o tumor maligno ainda pode gerar rouquidão persistente e dificuldades para engolir e respirar.
Dependendo do diagnóstico, um nódulo pode exigir apenas acompanhamento regular. Já com um câncer confirmado, as abordagens são cirúrgicas para a retirada da glândula, associadas ou não a iodoterapia (para eliminar células remanescentes) e terapias hormonais.
Bócio
Caracteriza-se pelo aumento do volume da glândula tireoide, perceptível como um inchaço na parte frontal do pescoço. Ele pode surgir tanto em casos de hipotireoidismo quanto de hipertireoidismo, mas também diante de níveis hormonais normais (bócio eutireoidiano).
Assim, suas causas podem estar relacionadas a diferentes fatores, incluindo a deficiência de iodo, gravidez ou doenças autoimunes, que também vão ditar a intervenção necessária.
Além da sensação de um caroço no pescoço, pode-se experimentar pressão na garganta, tosse e dificuldade para engolir ou respirar (em casos graves).
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Alimentação é indispensável nos cuidados com a tireoide
Embora nem todos os problemas de tireoide possam ser evitados, manter uma alimentação saudável é uma das medidas que mais ajudam na manutenção da saúde dessa glândula.
A SBEM aponta que uma dieta equilibrada, com foco em alimentos in natura e poucos ultraprocessados, ajuda na manutenção do peso ideal, no metabolismo e na saúde como um todo.
Para quem já apresenta algum dos distúrbios, a recomendação é evitar o consumo excessivo de sal já que é uma substância iodada (rica em iodo) e pode agravar o quadro.
Além disso, alimentos como repolho, nabo, soja e couve devem ser consumidos moderadamente, pois contém grandes quantidades de isoflavonas e podem estar associados ao desenvolvimento de bócio.
Vale lembrar ainda que outros hábitos como realizar check-ups regulares, gerenciar o estresse adequadamente (que é gatilho para desregulações hormonais) e não fumar também são de extrema importância para garantir a saúde da tireoide. Cuidar dessa glândula é cuidar do corpo inteiro!
Antes de ir, entenda como a alimentação e dietas restritivas podem interferir na sua saúde mental.