Em um ambiente cercado de estímulos, pode ser difícil manter o foco naquilo que realmente importa. Para contornar isso, muitas pessoas estão investindo em diferentes práticas para recuperar a capacidade de dedicar à atenção às suas tarefas diárias. Em tal contexto, os benefícios do mindfulness recebem bastante destaque.
Embora práticas de meditação muitas vezes estejam cercadas de um aspecto místico, isso não é necessariamente verdade. Esse é o caso do mindfulness, inclusive. Além disso, com a prática regular, é possível experimentar outras melhorias graças à meditação.
O conceito de mindfulness
No fim das contas, o mindfullness é uma técnica de meditação, dentre as muitas que existem. Mas o que isso significa? As práticas de meditação dizem respeito a qualquer exercício que tenha como intuito engajar a mente em sensações que despertem bem-estar no indivíduo.
Nas diferentes formas de meditação, o praticante pode desenvolver a capacidade de manter sua atenção em um movimento do corpo (como a respiração, por exemplo), ou em um som, uma representação visual ou um mantra (palavras ou frases repetidas de forma constante).
Embora a maioria das técnicas de meditação tenha sua origem em práticas milenares de religiões orientais, o mindfulness se distancia dessas abordagens. Sua origem remonta aos anos 70, nos Estados Unidos. A partir disso, toda sua base está no que chama de “atenção plena”: o esforço do indivíduo durante a prática deve se concentrar no que está acontecendo naquele momento, em relação a sentimentos, sensações e até mesmo desconfortos e preocupações, sem julgar nada disso. O importante é deixar tudo fluir.
Assim, naqueles minutos, o praticante de mindfulness mantém o foco em aspectos que na correria do dia a dia poderiam passar despercebidos. Logo, ainda que pareça simples, reconectar-se com aquilo que passa pela mente pode ser desafiador. Porém, com o tempo, tal hábito pode trazer alguns benefícios para a concentração e outros aspectos do bem-estar.
Os benefícios do mindfulness para a concentração
Levando em conta que diferentes tipos de meditação, incluindo técnicas de mindfulness, exercitam o foco no presente e nas sensações imediatas do corpo e da mente, é esperado que com a constância elas contribuam para a melhoria da concentração. Para confirmar essa hipótese, várias pesquisas científicas já dedicaram atenção a isso.
Uma delas, publicada em 2019, procurou avaliar a questão por meio de um experimento interessante. Os pesquisadores recrutaram voluntários de ambos os sexos, entre 18 e 45 anos, que nunca tinham meditado antes e que não tinham histórico de transtornos mentais. Ao todo, foram 42 voluntários.
Uma parte dos voluntários se dedicaria a técnicas de meditação guiadas, por pouco instantes diariamente (entre 10 e 20 minutos). Já os demais participantes teriam que ouvir o trecho de um podcast por 13 minutos, sem nenhuma relação com a prática de mindfulness ou qualquer outra forma de meditação. A tarefa foi escolhida por, em alguma medida, simular uma experiência ativa de aprendizado que depende da atenção.
Todos os voluntários foram avaliados antes das intervenções, quatro semanas após o início e oito semanas depois, marco que indicava também o fim do estudo. Nesse meio tempo, todos foram submetidos a avaliações e testes capazes de mensurar funções cognitivas (incluindo concentração e memória), humor e estresse.
Como conclusão, os pesquisadores apontaram que após oito semanas os praticantes de meditação tinham melhores resultados em testes cognitivos, incluindo a capacidade de dedicar a atenção à tarefa proposta. Embora pequeno, o resultado está em linha com outras pesquisas que já apontavam como a meditação pode incrementar o desempenho cognitivo e capacidade de concentração.
Outros 5 benefícios do mindfulness
E os benefícios identificados em diferentes estudos não se restringem à capacidade de se concentrar. Com a regularidade necessária, quem medita pode experimentar melhorias em outros aspectos, ampliando a qualidade de vida. Uma revisão de literatura publicada em 2021 mostra que intervenções baseadas em técnicas de mindfulness são capazes de:
- Reduzir sintomas de depressão e ansiedade.
- Contribuir para melhorar a qualidade do sono.
- Minimizar o impacto do estresse.
- Ajudar a superar quadros de dependência.
- Colaborar no controle de quadros de dor crônica.
Algumas vantagens consideráveis na adoção do mindfulness em diferentes contextos (como no trabalho ou na escola, por exemplo), estão o custo relativamente baixo, o intervalo pequeno de dedicação, as poucas contraindicações e os raros efeitos adversos. Entretanto, esse último aspecto precisa ser mais bem avaliado, principalmente em indivíduos com algum transtorno mental. De qualquer forma, eles jamais devem abrir mão do tratamento convencional.
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Os primeiros passos para começar a meditar
Diante disso, quem nunca deu uma chance ao mindfulness pode aproveitar o fato de que é simples e fácil começar. Não é necessário nenhum equipamento apropriado, nem treinamento prévio específico.
Ademais, aplicativos e vídeos podem servir como guia para conduzir o processo. No mais, basta escolher um local confortável e silencioso e alguns minutos em algum momento do dia. Os passos abaixo podem ser úteis nos primeiros passos nessa jornada:
- No início, tente prestar atenção ao que está se passando pela sua mente.
- Controle a respiração e use-a como guia para conduzir o fluxo de pensamento, focando-o no presente.
- Tente deixar as distrações de lado. Se você perder o foco, ignore e volte ao estado de atenção.
- Observe as sensações do corpo (como o contato da pele com o lugar em que você está encostado, por exemplo).
- Se esforce para manter a atenção por ao menos alguns minutos. Depois disso, tente voltar aos poucos ao estado normal de atenção.
Os benefícios do mindfulness e de outras técnicas de meditação se tornam perceptíveis com a regularidade da prática. Ao mesmo tempo, vale experimentar sempre novas formas de desenvolver o exercício, tentando encontrar aquela maneira capaz de oferecer um maior bem-estar. Por fim, vale reforçar que cada pessoa pode ter uma experiência diferente com a meditação – e não há nenhum problema nisso.
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