Onde começou o surto?
No fim de agosto, foi publicado na Revista Science um estudo que analisou as origens do último surto de febre amarela que atingiu o Brasil nos últimos meses. De dezembro de 2016 até março de 2018, foram registrados mais de 650 casos de mortes relacionadas ao vírus, atingindo principalmente estados do sudeste brasileiro. O surto foi o maior dos últimos 100 anos e preocupou pelo alto potencial de contaminação urbana.
Segundo o estudo, a fonte do vírus veio da região amazônica, no norte do Brasil, por meio da contaminação silvestre de macacos. Transportados por mosquitos ou pelos próprios primatas, ele chegou ao estado de Minas Gerais, onde a transmissão aos humanos passou a ser intensificada pelo mosquito Aedes aegypti.
“A floresta amazônica é uma região ‘reservatório’, onde o vírus da febre amarela parece ter estabelecido um ciclo silvestre há algumas décadas. O norte do Brasil muitas vezes parece ser a origem das novas linhagens virais que causam surtos em Minas Gerais”, afirmou o estudo. O método usado para chegar a essa conclusão foi a análise de dados epidemiológicos e genéticos, mapeando o vírus e descobrindo sua origem em florestas e áreas rurais.
O Brasil já passou por vários surtos de febre amarela e se destaca nos estudos sobre o vírus (foi criada aqui a primeira vacina eficaz contra a doença).
E aí?
A descoberta mostra que áreas de mata vão continuar gerando possíveis surtos cíclicos, que podem acontecer entre 7 e 14 anos, dependendo das regiões. Em áreas urbanas, o risco de contaminação é diferente, pois depende de um inseto intermediário, no caso, o mesmo mosquito transmissor da dengue. O estudo ajuda a entender como acontece a transmissão do vírus e pode ajudar nas estratégias de combate e prevenção de novos surtos.
O que fazer?
Evitar deixar água parada e todas as outras medidas que já conhecemos para prevenir a proliferação do Aedes aegypti: colocar areia nos vasos de plantas, limpar as calhas e piscinas, ter cuidado com o acúmulo de lixo, não deixar garrafas e pneus expostos, etc. Além disso, seguir o calendário de vacinação é sempre importante para se manter protegido.