Acompanhamento com psiquiatra e psicólogo são fundamentais para a remissão da depressão.
Quase todo mundo conhece alguém que já foi diagnosticado com depressão. A doença é extremamente comum, mas, nem por isso, deve ser banalizada. Pelo contrário, a alta frequência com que ela ocorre é um alerta para a necessidade de cuidados urgentes com a saúde mental.
Para tratar a depressão, existem diversas opções terapêuticas disponíveis com ótima evidência científica. Em algumas pessoas o tratamento pode levar ao desaparecimento completo dos sintomas e nunca mais voltar. Em muitos casos, entretanto, a doença ocorre em ciclos de remissão e ascensão. Por isso, em vez de se falar em cura, fala-se no tratamento e gerenciamento da depressão.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 300 milhões de pessoas convivem com a doença. Isso representa uma população enorme que vê a doença interferir na vida diária, na capacidade de trabalhar, de dormir, estudar, comer e aproveitar a vida. Também de acordo com a OMS, a depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo.
Neste texto você vai conhecer um pouco mais sobre como a depressão pode ser enfrentada e superada.
Qual profissional trata a depressão?
O tratamento da depressão é multidisciplinar. Ao contrário de outras doenças em que basta tomar corretamente um medicamento, os tratamentos ligados à saúde mental exigem uma abordagem mais ampla. Assim, para tratar a depressão o recomendado é ter o acompanhamento de um médico psiquiatra e de um psicólogo.
O psiquiatra é o médico responsável pelo diagnóstico e prescrição de medicamentos ou outras intervenções. Após uma anamnese (espécie de entrevista) aprofundada com o paciente, ele avalia a necessidade de uso de remédios, explica as opções, orienta sobre modo de tomar, efeitos desejados, efeitos colaterais e acompanha de perto o uso desse produto.
Já o psicólogo é o profissional que trabalhará com o paciente as questões pessoais que atuam no sofrimento psíquico, auxiliando-o a se conhecer melhor e a alterar comportamentos que lhe façam mal.
Todas as pessoas com depressão tomam medicamento?
Não. Os medicamentos são bem recomendados para pacientes com sintomas moderados a graves de depressão. Quando se trata de casos leves, outras intervenções podem ser suficientes para combater os sintomas. São exemplos: mudança no estilo de vida, psicoterapia e meditação.
Qual medicamento trata a depressão?
É importante entender que cada pessoa é única e, portanto, seu tratamento também deve ser individualizado. Isso é especialmente verdadeiro no campo da saúde mental. Pessoas com diagnósticos semelhantes podem reagir de forma diferente a um mesmo medicamento. Assim, o médico sempre apresentará o plano de tratamento e acompanhará os resultados, podendo alterar doses, esquema de tomada e até substâncias.
Entre os medicamentos que se enquadram na categoria de antidepressivos, há inúmeros fármacos que podem ser usados, desde que sob supervisão médica.
Falar com o psicólogo é mesmo necessário?
Sim! As sessões de psicoterapia são fundamentais para superar os momentos mais difíceis e até prevenir recaídas. Acredita-se que a depressão é causada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. Portanto, simplesmente alterar a química cerebral com o uso de fármacos pode ser insuficiente.
A neurociência vem demonstrando que participar de sessões de psicoterapia provoca alterações efetivas no cérebro.
Os medicamentos representam uma ajuda importante quando o paciente já está com comportamentos bastante modificados pela doença. Eles ajudam a mente a se acalmar, pensar com clareza e dar fôlego para realizar as tarefas do dia a dia. Por sua vez, a terapia é a principal ferramenta para que o paciente reflita sobre quais são os processos na sua vida que agravam sua depressão.
De acordo com o psicanalista e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Christian Druker, a depressão é sofrimento psíquico mais comum atualmente em consequência do modo de vida contemporâneo, em que as pessoas encaram a vida como se fosse uma empresa, em que há metas para cumprir e uma infinidade de sofrimentos relacionados a esse estilo de vida. Ele explica que, do ponto de vista psicanalítico, quando o sofrimento é reprimido e não é elaborado, ele se transforma em sintomas, como é o caso da depressão.
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Meditação ajuda contra a depressão?
Sim. A meditação ajuda a mente a se aquietar, concentrar-se e perceber melhor os pensamentos e as sensações presentes em cada momento. Progressivamente, a prática aumenta o autoconhecimento e favorece mudanças objetivas. Um grupo de pesquisa da Universidade de Yale avaliou recentemente a eficácia de exercícios de respiração e meditação e verificou benefícios de saúde mental, conexão social, emoções positivas e atenção plena, além de redução nos níveis de estresse e de depressão.
Exercícios físicos também são importantes
Há inúmeros estudos que comprovam que manter atividades físicas regulares é importante no tratamento e prevenção da depressão. Há diversas explicações para esse efeito. Elas passam, por exemplo, pelo fato de que, ao se exercitar o paciente tem uma distração em relação aos sintomas negativos da doença; pela possibilidade de aumentar as interações sociais durante a prática; pela sensação de autocontrole e autoeficácia sentida após perceber que é capaz de realizar as atividades; pela expectativa de mudança envolvida na adoção de hábitos saudáveis; e pela sensação prazerosa que os exercícios físicos provocam.
Do ponto de vista fisiológico, é possível perceber que uma vida ativa promove aumento do fluxo sanguíneo cerebral e liberação da endorfina, que é um hormônio ligado ao prazer.
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